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PÁREO DURO
Os peruanos terão de escolher
entre um nacionalista radical e
um populista para a Presidência da
República. Embora a apuração do
primeiro escrutínio ainda não tenha
sido oficialmente encerrada, é certo
que os dois candidatos que irão enfrentar-se no final de maio sejam
Ollanta Humala (31% dos votos no
primeiro turno) e Alan García (25%,
que ficou menos de um ponto percentual à frente da terceira colocada).
Humala é um tenente-coronel da
reserva que já participou de uma rebelião militar em 2000. É freqüentemente descrito como esquerdista,
mas parece mais acertado qualificá-lo como um ultranacionalista com
fortes traços autoritários. Defende
posições que, se adotadas, trariam
dificuldades econômicas para o país,
como a promessa de proibir companhias estrangeiras de atuar em setores "estratégicos" e de rever incentivos fiscais a mineradoras -que respondem pela maior parte dos 6,7%
de crescimento registrados em 2005.
Alan García é um velho conhecido
dos peruanos. Foi presidente entre
1988 e 1990, numa gestão desastrosa.
Sob seu mandato, o Peru experimentou as agruras da hiperinflação e da
ruína econômica, além de ter vivido o
auge da violência imposta pela guerrilha terrorista Sendero Luminoso.
García se apresenta como de centro-esquerda, mas populista é a categoria que melhor se aplica a ele.
Na disputa em segundo turno, Humala sai na frente, mas isso não significa que a eleição já esteja ganha. A
maior parte dos eleitores da liberal-conservadora Lourdes Flores, a terceira colocada, tende a optar por
García. Enquanto o ex-presidente vinha em trajetória ascendente nas
pesquisas, Humala caía. O ex-militar
perdia pontos devido a acusações de
ter cometido abusos quando comandava a repressão aos senderistas.
Para completar o quadro de desalento, qualquer um que venha a vencer governará com um Legislativo dividido. Nenhum partido obteve mais
de um terço das 120 cadeiras do Congresso unicameral peruano.
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