São Paulo, quinta-feira, 27 de abril de 2006

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PÁREO DURO

Os peruanos terão de escolher entre um nacionalista radical e um populista para a Presidência da República. Embora a apuração do primeiro escrutínio ainda não tenha sido oficialmente encerrada, é certo que os dois candidatos que irão enfrentar-se no final de maio sejam Ollanta Humala (31% dos votos no primeiro turno) e Alan García (25%, que ficou menos de um ponto percentual à frente da terceira colocada).
Humala é um tenente-coronel da reserva que já participou de uma rebelião militar em 2000. É freqüentemente descrito como esquerdista, mas parece mais acertado qualificá-lo como um ultranacionalista com fortes traços autoritários. Defende posições que, se adotadas, trariam dificuldades econômicas para o país, como a promessa de proibir companhias estrangeiras de atuar em setores "estratégicos" e de rever incentivos fiscais a mineradoras -que respondem pela maior parte dos 6,7% de crescimento registrados em 2005.
Alan García é um velho conhecido dos peruanos. Foi presidente entre 1988 e 1990, numa gestão desastrosa. Sob seu mandato, o Peru experimentou as agruras da hiperinflação e da ruína econômica, além de ter vivido o auge da violência imposta pela guerrilha terrorista Sendero Luminoso. García se apresenta como de centro-esquerda, mas populista é a categoria que melhor se aplica a ele.
Na disputa em segundo turno, Humala sai na frente, mas isso não significa que a eleição já esteja ganha. A maior parte dos eleitores da liberal-conservadora Lourdes Flores, a terceira colocada, tende a optar por García. Enquanto o ex-presidente vinha em trajetória ascendente nas pesquisas, Humala caía. O ex-militar perdia pontos devido a acusações de ter cometido abusos quando comandava a repressão aos senderistas.
Para completar o quadro de desalento, qualquer um que venha a vencer governará com um Legislativo dividido. Nenhum partido obteve mais de um terço das 120 cadeiras do Congresso unicameral peruano.


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