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São Paulo, terça-feira, 27 de maio de 2003

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O BC SE MEXE

O Banco Central alterou os procedimentos para a rolagem das operações de "swap" e dos títulos públicos atrelados à variação cambial. O BC deixou de estabelecer um percentual fixo para a renovação do principal desses contratos. A rolagem dos contratos com vencimento em 2 de junho foi de aproximadamente 95% do principal.
A decisão procura diminuir a exposição da dívida pública às flutuações da taxa de câmbio e, portanto, reduzir a volatilidade do passivo do governo federal. Tem como objetivo melhorar o perfil da dívida pública e, simultaneamente, expandir o mercado de títulos em moeda local. De acordo com dados do próprio BC, a dívida pública indexada à taxa de câmbio, incorporando as operações de "swap", representava, em março, 31,3% do total.
No mesmo sentido, o BC não renovou as linhas de crédito em moeda estrangeira (US$ 1,7 bilhões), utilizadas para garantir o comércio exterior, durante a escassez de crédito externo no segundo semestre de 2002. Essa decisão reforçou o saldo das reservas internacionais (US$ 42 bilhões em maio).
A despeito do nervosismo gerado no mercado cambial, uma vez que os investidores temem a diminuição da oferta de papéis cambiais para a proteção ("hedge"), essas decisões são corretas e já deveriam ter sido tomadas, como esta Folha tem defendido.
A retomada dos fluxos de capitais externos e a valorização do real permitem que não se renovem integralmente os contratos vencidos. Evidentemente, não significa que o BC deixará de rolar a dívida pública, mas, tendo se livrado do compromisso de renová-la, pode reduzir as exposições e conter a valorização do real. É verdade que não cabe ao BC fixar tetos ou pisos para a flutuação da moeda, mas a autoridade monetária deve estar atenta às oscilações constantes, que prejudicam as estratégias das empresas. Da mesma forma, não pode desconsiderar os efeitos de uma excessiva valorização sobre o saldo comercial necessário para a redução da vulnerabilidade externa.


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