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São Paulo, terça-feira, 27 de maio de 2003

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PAINEL DO LEITOR

PMDB
"Dada a importância que dispenso ao noticiário da Folha e à exatidão de suas informações, solicito acolher as seguintes ressalvas quanto à reportagem "Governo oferece cardápio de cargos pelo apoio do PMDB" (Brasil, 23/5), ilustrada com a minha foto.
1. Apoiei a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da República alguns meses antes das eleições, mesmo tendo o PMDB, na ocasião, assumido uma posição contrária à minha. Para evitar qualquer desconforto, tratei de comunicar minha decisão ao presidente do meu partido, que compreendeu minhas razões.
2. Meu apoio a Lula foi e continua sendo incondicional, independentemente de qualquer contrapartida. No passado, eu o fiz por achar sua candidatura a melhor solução para o país e o faço agora com o aval da parcela de liderança que tenho, responsável que fui, num tempo de muitas incertezas, pela transição democrática e pela Constituinte, que alicerçou uma sociedade de respeito às liberdades públicas.
3. Se antes não reivindiquei cargos, seria ridículo que agora o fizesse utilizando a adesão do PMDB na base de sustentação do governo. A presença de maranhenses na Eletronorte, por exemplo, nada tem a ver com o meu apoio ao governo Lula nem faz parte de qualquer reivindicação ao meu partido.
4. Meu respaldo ao presidente Lula tem motivação maior: quero ajudar na governabilidade e contribuir para o sucesso de um governo oriundo do setor do trabalho, voltado para o social."
José Sarney, presidente do Congresso Nacional (Brasília, DF)

Política econômica
"Esclareço que, ao contrário do que se afirma em reportagem publicada nesta Folha ontem, não houve "conclusão conjunta" sobre a condução das reformas e da política econômica do atual governo em conversa havida entre mim e o dr. Pedro Malan."
Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente da República (São Paulo, SP)

 

"Reportagem publicada na Folha de ontem (Brasil, pág. A4) apresenta o que seria uma "conclusão" a que teríamos chegado, o ex-presidente Fernando Henrique e eu, sobre a condução da política macroeconômica no governo Lula. Não reconheço como minha, nem na forma nem no conteúdo, a "conclusão" ali apresentada. Na verdade, minhas últimas palestras sobre a situação brasileira apresentam visão oposta àquela que me é atribuída na reportagem. Como não costumo dizer uma coisa em público e outra -oposta- em privado, gostaria de, mais uma vez, registrar: considero que a política macroeconômica vem sendo conduzida de forma apropriada pela equipe econômica do governo, chefiada pelo ministro Palocci, com o respaldo do presidente Lula. Acho também -e já o disse de público- que o Brasil é um país extraordinário, mas extremamente difícil de governar. As coisas aqui não acontecem com "relativa facilidade", outra "conclusão" erroneamente a mim atribuída na reportagem."
Pedro Sampaio Malan, ex-ministro da Fazenda (Rio de Janeiro, RJ)

Inativos
"Para o governo este é o ano das reformas e, de acordo com o ministro-chefe da Casa Civil, os pontos básicos da reforma da Previdência são "inegociáveis". Assim mesmo, pondera que o Congresso é autônomo, menos para a bancada do governo. Entre os pontos não negociáveis a taxação dos funcionários públicos aposentados. Ou seja, a redução em 11% nos proventos da aposentadoria. Há anos, mandato após mandato, pagamos com a recessão: a "estabilidade" das relações com o FMI, a "estabilidade" do governo e da moeda. E, pelas inconfidências de José Dirceu, vamos continuar pagando. Taxar aposentados e diminuir o tempo de gozo da aposentadoria significa que mais governos e mandatos futuros estarão apresentando a conta da dívida externa e interna (a social) àqueles que não terão seus direitos adquiridos, reafirmados, respeitados."
José Maria Theodoro, professor de língua portuguesa e literatura (Belo Horizonte, MG)

Dois PTs
"Em relação às palavras do ministro José Dirceu, o verdadeiro "cavalo-de-pau" não está sendo dado na economia, e sim na população brasileira. A verdade é que o PT, nas palavras do ministro Dirceu, deixa mais uma vez claro que não se livra dessa conduta de, na frente das câmeras de TV e sob as luzes dos holofotes, utilizar sempre igual discurso de palanque. Por outro lado, para "consumo interno", a manifestação é a real, a técnica e a honesta. Nem seus próprios pares estão suportando toda essa contradição. Depois reclamam e ainda desejam expulsar os seus extremistas."
David Neto (São Paulo, SP)

Cotas ou não
"Ao contrário do que afirma José de Souza Martins ("Tendências/Debates", 25/5), o que determina a admissão de um candidato na universidade não é a sua capacidade de comprovar um "nível mínimo e básico de conhecimento", mas sim a nota de corte do curso em questão. É inegável que as escolas só devem aceitar candidatos que estão comprovadamente aptos a acompanhar as aulas. Mas a probabilidade de um indivíduo ter sucesso acadêmico e profissional está diretamente relacionada com sua habilidade em superar obstáculos. E ninguém no Brasil de hoje comprova ter tanta habilidade, motivação e criatividade em superar obstáculos quanto o filho de família pobre que chega até o portão da universidade em condições de acompanhar o curso. Por isso, é também pelo interesse público na ótima alocação de talentos que as escolas deveriam rever seus critérios de admissão e convidar essas pessoas a ingressar."
Salo Vinocur Coslovsky (Brasília, DF)

 

"Elucidativo e claro o texto do professor José de Souza Martins. Atingir pela base a questão das diferenças socioeconômicas daria igualdade de forças na disputa por uma vaga em uma universidade de qualidade. Cotas poderiam não resolver a falta de capacitação do aluno para enfrentar a carga de aprendizado futura como aluno em uma boa universidade. Com ensino público de qualidade a questão de ingresso em uma universidade de qualidade seria um processo menos injusto.
Isabela Rueda (São Paulo, SP)

Cultura popular
"Para os "mecenas", é mais fácil obter retorno publicitário financiando grandes espetáculos, com artistas famosos em teatros confortáveis, cobrando ingressos incompatíveis com o poder aquisitivo da maioria da população. Mas isso incentiva o distanciamento do povo da cultura. Isso está mudando. Tanto governos quanto empresários estão despertando para a necessidade de garantir mais que alimentação, trabalho, saúde e educação a todos. A fome do povo não é apenas de comida; é também de cultura. Seria maravilhoso se orquestras pudessem levar as obras dos grandes compositores a escolas e clubes. Assim, quem sabe, talvez vejamos crianças apreciando o esplendor da "Cavalgada das Valquírias" com o mesmo prazer que ouvem a malícia da "Eguinha Pocotó"."
Adilson Luiz Gonçalves (Santos, SP)


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