São Paulo, quinta-feira, 27 de maio de 2004

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O TERROR SOBREVIVE

Todas as razões alegadas pelo presidente George W. Bush para atacar o Iraque se esfacelaram. As armas de destruição em massa que Saddam Hussein possuiria não existiam. A intervenção militar, que deveria levar aos iraquianos paz, democracia e respeito aos direitos humanos, degenerou num conflito renitente no qual as forças ocupantes não hesitam nem em torturar adversários. Agora, vê-se que a aventura iraquiana foi um desastre até mesmo na guerra contra o terrorismo.
Relatório divulgado nesta semana pelo prestigiado Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS, na sigla inglesa), com sede em Londres, revela que a intervenção norte-americana no Iraque vem ajudando a rede terrorista Al Qaeda, de Osama bin Laden, a recrutar novos membros.
De acordo com o IISS, a rede já conseguiu recuperar-se depois de perder sua base no Afeganistão e contaria hoje com 18 mil membros mobilizáveis em mais de 60 países. No parecer do instituto, a principal meta dos seguidores de Bin Laden é realizar um novo grande ataque contra os EUA ou seus aliados, de preferência com armas de destruição em massa.
Outro ponto digno de nota é o de que, em termos estratégicos, a guerra no Iraque serviu para centrar os esforços e os recursos dos extremistas, ao passo que diluiu os dos países que se empenhavam em combater as organizações terroristas.
O terrorismo é uma prática vil, abjeta e inaceitável. Representa uma ameaça à qual é preciso opor resistência. Os EUA, contudo, que deveriam liderar a ofensiva, enveredaram pelo pior caminho. Escolheram uma rota que fortalece o moral do inimigo e, ao dividir as opiniões do mundo e despertar o antiamericanismo mesmo em países aliados, acaba por minar a capacidade de prevenção a atentados. As principais diretrizes para travar um combate mais eficaz ao terrorismo são multilateralismo e cooperação entre polícias e serviços secretos -tudo o que a guerra no Iraque vem ajudando a destruir.


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