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O TERROR SOBREVIVE
Todas as razões alegadas pelo
presidente George W. Bush para atacar o Iraque se esfacelaram. As
armas de destruição em massa que
Saddam Hussein possuiria não existiam. A intervenção militar, que deveria levar aos iraquianos paz, democracia e respeito aos direitos humanos, degenerou num conflito renitente no qual as forças ocupantes
não hesitam nem em torturar adversários. Agora, vê-se que a aventura
iraquiana foi um desastre até mesmo
na guerra contra o terrorismo.
Relatório divulgado nesta semana
pelo prestigiado Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS, na
sigla inglesa), com sede em Londres,
revela que a intervenção norte-americana no Iraque vem ajudando a rede
terrorista Al Qaeda, de Osama bin
Laden, a recrutar novos membros.
De acordo com o IISS, a rede já conseguiu recuperar-se depois de perder
sua base no Afeganistão e contaria
hoje com 18 mil membros mobilizáveis em mais de 60 países. No parecer do instituto, a principal meta dos
seguidores de Bin Laden é realizar
um novo grande ataque contra os
EUA ou seus aliados, de preferência
com armas de destruição em massa.
Outro ponto digno de nota é o de
que, em termos estratégicos, a guerra no Iraque serviu para centrar os esforços e os recursos dos extremistas,
ao passo que diluiu os dos países que
se empenhavam em combater as organizações terroristas.
O terrorismo é uma prática vil, abjeta e inaceitável. Representa uma
ameaça à qual é preciso opor resistência. Os EUA, contudo, que deveriam liderar a ofensiva, enveredaram
pelo pior caminho. Escolheram uma
rota que fortalece o moral do inimigo
e, ao dividir as opiniões do mundo e
despertar o antiamericanismo mesmo em países aliados, acaba por minar a capacidade de prevenção a
atentados. As principais diretrizes
para travar um combate mais eficaz
ao terrorismo são multilateralismo e
cooperação entre polícias e serviços
secretos -tudo o que a guerra no
Iraque vem ajudando a destruir.
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