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TARIFAS E INFLAÇÃO
Nos próximos meses, deverão
ser anunciadas elevações nas
tarifas de vários serviços públicos. O
primeiro aumento autorizado foi na
telefonia (11%). Em breve, nos setores de energia elétrica, combustíveis,
transportes coletivos e água e esgoto
também haverá elevação de preços.
Boa parte da pequena inflação esperada para este ano será decorrente
da majoração nos preços desses serviços. Segundo a Fipe, a inflação acumulada em São Paulo entre janeiro e
maio deste ano foi de 0,69%. Para junho e julho, meses que concentram
ajustes tarifários, a Fipe prevê taxas
de 0,30% e 0,70%, respectivamente.
Nos tempos de alta inflação, o governo resistia o quanto julgava possível a efetuar reajustes necessários para recompor os valores reais das tarifas. Isso para não aumentar ainda
mais o ímpeto inflacionário.
A principal explicação para esse
comportamento, que foi altamente
prejudicial para as empresas estatais,
era a indexação da economia. Esse
mecanismo de correção automática
de preços fazia com que a inflação
verificada num período fosse repassada para os meses subsequentes.
Agora isso não acontece mais. Elevações nas tarifas públicas têm impactos significativos sobre a inflação, mas o efeito desses aumentos fica concentrado em um só período.
Aumentos nas tarifas estão previstos nos contratos de concessão dos
serviços privatizados. É possível
questionar os índices de reajuste
adotados, mas é preciso lembrar que
a capacidade de investimento das
empresas em ampliação e melhoria
dos serviços também depende dos
níveis de preços praticados.
Ademais, o governo apenas fixa o
percentual máximo para os aumentos, o que não obriga as empresas a
adotá-lo. Na prática, a concorrência
em alguns setores faz com que as
concessionárias ponderem sobre a
conveniência de adotar ou não o teto
permitido para a elevação de tarifas.
Hoje, o maior risco inflacionário
não tem mais que ver com o regime
das tarifas de serviços públicos. Haverá, entretanto, razão objetiva para
preocupação se o crescimento na demanda por bens e serviços não for
acompanhado por uma ampliação
suficiente na oferta. É fundamental,
portanto, que se criem melhores
condições para o investimento no setor produtivo, sob o risco de ficar
comprometida em alguma medida a
própria política de estabilização.
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