São Paulo, terça-feira, 27 de junho de 2000


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TARIFAS E INFLAÇÃO

Nos próximos meses, deverão ser anunciadas elevações nas tarifas de vários serviços públicos. O primeiro aumento autorizado foi na telefonia (11%). Em breve, nos setores de energia elétrica, combustíveis, transportes coletivos e água e esgoto também haverá elevação de preços.
Boa parte da pequena inflação esperada para este ano será decorrente da majoração nos preços desses serviços. Segundo a Fipe, a inflação acumulada em São Paulo entre janeiro e maio deste ano foi de 0,69%. Para junho e julho, meses que concentram ajustes tarifários, a Fipe prevê taxas de 0,30% e 0,70%, respectivamente.
Nos tempos de alta inflação, o governo resistia o quanto julgava possível a efetuar reajustes necessários para recompor os valores reais das tarifas. Isso para não aumentar ainda mais o ímpeto inflacionário.
A principal explicação para esse comportamento, que foi altamente prejudicial para as empresas estatais, era a indexação da economia. Esse mecanismo de correção automática de preços fazia com que a inflação verificada num período fosse repassada para os meses subsequentes.
Agora isso não acontece mais. Elevações nas tarifas públicas têm impactos significativos sobre a inflação, mas o efeito desses aumentos fica concentrado em um só período.
Aumentos nas tarifas estão previstos nos contratos de concessão dos serviços privatizados. É possível questionar os índices de reajuste adotados, mas é preciso lembrar que a capacidade de investimento das empresas em ampliação e melhoria dos serviços também depende dos níveis de preços praticados.
Ademais, o governo apenas fixa o percentual máximo para os aumentos, o que não obriga as empresas a adotá-lo. Na prática, a concorrência em alguns setores faz com que as concessionárias ponderem sobre a conveniência de adotar ou não o teto permitido para a elevação de tarifas.
Hoje, o maior risco inflacionário não tem mais que ver com o regime das tarifas de serviços públicos. Haverá, entretanto, razão objetiva para preocupação se o crescimento na demanda por bens e serviços não for acompanhado por uma ampliação suficiente na oferta. É fundamental, portanto, que se criem melhores condições para o investimento no setor produtivo, sob o risco de ficar comprometida em alguma medida a própria política de estabilização.



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