São Paulo, terça-feira, 27 de junho de 2000


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VALDO CRUZ

Duplamente secreta, por quê?

BRASÍLIA - A sessão de amanhã que decidirá o futuro do senador Luiz Estevão (PMDB-DF) será secreta. É o que manda o regimento do Senado, em seu artigo 197.
Na Câmara dos Deputados, as sessões são abertas. Lá, 16 parlamentares já perderam seu mandato. No Senado, até hoje ninguém foi degolado pelos colegas. Luiz Estevão pode ser o primeiro deles.
Os senadores, de comum acordo, bem que podiam decidir realizar uma sessão aberta, com transmissão ao vivo pela TV Senado.
Afinal, a votação já será secreta. Além disso, Luiz Estevão, o principal interessado, diz a todo momento que tem explicações para tudo. Por que a opinião pública não pode assistir sua defesa ao vivo?
Aposto que muita gente gostaria de acompanhar porque, até agora, o senador do Distrito Federal tem-se enrolado mais do que explicado sua atuação no caso do TRT paulista.
Mas não será dessa vez que os eleitores poderão acompanhar o julgamento de um senador. A sessão será mesmo sigilosa, o que só vai reforçar a imagem de que os senadores são adeptos do corporativismo. De que eles querem evitar a exposição pública de um dos membros da Casa.
Aqueles que são contra o julgamento fechado dizem que o Senado poderá se redimir com o resultado da sessão, que muitos apostam ser pela cassação de Luiz Estevão.
Hoje, realmente a situação do peemedebista está muito mais para a perda do mandato. Mas numa sessão em que tanto ela como a votação serão secretas tudo pode acontecer.
Um exemplo disso era captado ontem no Senado. Tinha senador do PMDB dizendo a jornalistas ser favorável à cassação, mas que não conseguia disfarçar que estava apenas evitando declarar seu voto de apoio ao colega de partido.
Confiando nisso, Luiz Estevão e seus defensores vão trabalhar contra a guilhotina até o último instante. Ninguém se diga surpreendido se der uma suspensão de mandato.


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