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São Paulo, sexta-feira, 27 de junho de 2003

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PAINEL DO LEITOR

Constituição
"Gostaria de ver esclarecida uma questão: a Constituição diz que todos têm o direito de ir e vir e o direito de se manifestar. Um parlamentar, por exemplo, não pode ser punido por se manifestar verbalmente no plenário da Câmara. Como podem o PSDB, o PT e o PSB cassar os parlamentares que se posicionam contrariamente à proposta de reforma da Previdência apresentada pelo governo. Esses partidos estão acima da Constituição brasileira?"
Gilmar Cabral (Nova Iguaçu, RJ)

Executivo
"Jânio Quadros elegeu-se baseando sua campanha eleitoral no ataque ao funcionalismo público. Seu símbolo era a vassourinha. Collor prometeu "caçar marajás". Ambos renunciaram ao mandato, embriagados de poder. Lula inverteu a estratégia: cativou os funcionários e agora promove uma reforma da Previdência (cuja necessidade ninguém discute). Mas, para surpresa geral, trata com desrespeito e autoritarismo o funcionalismo, considerando-o dispensável e composto por marginais. Lula conseguiu provocar o clamor público contra o funcionalismo público, causando o aumento do número de aposentadorias pelo temor da perda de direitos adquiridos. Por destempero de linguagem, impróprio para um presidente (Roberto Romano, em 25/6, na pág. A3, apontou o vício), mas deixando entrever laivos de arrogância, declarou que ninguém impedirá o progresso do Brasil -nem o Congresso Nacional nem o Judiciário. A Câmara começa a meditar e a duvidar do acerto da reforma previdenciária nos termos propostos pelo Executivo. E ao Judiciário cabe decidir a respeito de aspectos inconstitucionais dessa reforma. Era preciso constrangê-los. Lícito será, pois, inferir que destempero não houve, mas tentativa de desmoralizar os outros Poderes, que, diferentemente do presidente, não se importariam com o destino da nação e de seu povo. O Executivo não pode ser hipertrofiado -bastam os anos de chumbo e as medidas provisórias de FHC."
Celso Luiz Limongi, desembargador do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo e primeiro vice-presidente da Associação Paulista dos Magistrados -Apamagis (São Paulo, SP)

 

"Alguns "arautos do saber" de nosso país sentem-se no direito de insultar o presidente da República de modo pernóstico, como fez o filósofo Roberto Romano em 25/6 ("Tendências/Debates'). Não li jamais manifestação semelhante desse intelectual quando FHC, antidemocraticamente, dilapidou o patrimônio nacional em privatizações realizadas à custa de compra de votos com dinheiro público."
Thiago Mendonça (São Paulo, SP)

Incoerência ou inconsequência?
"Difícil o dilema do governo Lula: se adota uma política econômica conservadora, é tachado de incoerente. Se tivesse optado por uma política econômica heterodoxa, provavelmente estaria sendo chamado de inconsequente."
Wagner Iglecias (São Paulo, SP)

Assentamentos
"Gostaria de saber se a sugestão do leitor Francisco C. P. Rodrigues ("Painel do Leitor", 23/6) de indenizar os colonos judeus desalojados deveria também abranger os moradores muçulmanos dessas mesmas áreas (ou seus descendentes), que foram desalojados à força nos últimos 50 anos. Os judeus não colonizaram uma região deserta, mas, sim, expulsaram, com o apoio dos Estados Unidos, daquelas terras quem ali já estava. Sem justiça para todos na Palestina, jamais haverá paz na região."
Carlos Brisola Marcondes (Florianópolis, SC)

Concentração
"Quero agradecer ao FMI e ao secretário do Tesouro americano, Randal Quarles, as críticas à nossa concentração econômica, ineficiência e "oligarquia do mal" que representam os bancos e suas operações no Brasil ("EUA criticam eficiência de bancos no Brasil", Dinheiro, 21/6) e à Folha a coragem e o discernimento de publicá-las. O apoio que o PT teve dos empresários das micro, pequenas e médias empresas tinha como fundamento a esperança do desmanche desse oligopólio vergonhoso, imoral e antipatriótico que são os bancos no Brasil. Não se constrói uma sociedade justa, com oportunidade para todos, sem crédito em condições competitivas. Como "enfrentaremos" uma Alca em 2005 com o crédito escasso e mais caro do mundo? Queremos que o PT foque esse problema nacional com a mesma energia que está focando a Previdência."
Ricardo Marques Coube , vice-presidente do Ciesp (Bauru, SP)

Adolescentes
"Da primeira vez que li o Folhateen, há cerca de seis semanas, o que mais me chamou a atenção foi o conteúdo estranho das respostas que o doutor Jairo Bouer dava aos jovens leitores. Desde então, venho acompanhando estarrecidamente suas observações e fico cada vez mais assustado. Começa pelo fato de ser qualificado apenas como médico, sem ser declarada qual a sua especialidade, e continua pelo linguajar de um médico de 37 anos: "Legal você estar escrevendo para a gente, porque a barra por aí deve estar meio pesada mesmo". Piora com o conteúdo (note-se que a resposta é para uma menina de 13 anos em dúvidas quanto à própria sexualidade): "(...) e se, com o tempo, você acabar descobrindo que o seu barato são mesmo as meninas e que você quer ter um namoro com uma delas? OK! É a sua sexualidade que está em jogo (...)". Não é crime incitar jovens, menores de idade, à vida sexual? Não é crime incitar uma menininha a experimentar a vida homossexual? Não é criminosa a posição desse médico em relação aos jovens inocentes que procuram num jornal aquilo que não estão encontrando em suas casas? Quanto mal poderá estar causando tal "conselheiro" a essas crianças?"
Ricardo Gama Carneiro, pediatra (São Paulo, SP)

Resposta do colunista Jairo Bouer - Sou médico-psiquiatra formado pela Faculdade de Medicina da USP, com residência em psiquiatria pelo Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP. A coluna dá conta de explicar, em linguagem direta, que se aproxima do universo dos jovens, que adolescentes podem ficar confusos em relação à sexualidade, que fantasias e projeções em relação a pessoas mais velhas podem acontecer, que um sentimento homossexual na adolescência não se traduz necessariamente em um comportamento homossexual na vida adulta e que, mesmo que o tempo e a experiência mostrem que a orientação é predominantemente homossexual, a sexualidade é uma questão que só diz respeito à própria pessoa. Por fim, a coluna sinaliza com a importância da terapia.


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