São Paulo, Domingo, 27 de Junho de 1999
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O milênio começa em 2005
CLÓVIS ROSSI
Rio de Janeiro - Nas horas em que se permite divagar, o ministro da Fazenda, Pedro Malan, constata frequentemente que é "um mundo difícil" este em que lhe toca viver e, ainda por cima, conduzir a economia brasileira.
Pois é razoável supor que a partir de 2005, pouco mais ou menos, o mundo, para o Brasil ao menos, se tornará ainda mais difícil.
Será nessa altura que estarão terminadas (ou terminando) negociações econômico-comerciais que mudarão a face do planeta ao menos nesse amplo e decisivo território.
São elas: a área de livre comércio entre a UE (União Européia) e o Mercosul, um esquema idêntico entre os 34 países americanos (a Alca) e a chamada Rodada do Milênio.
Em todas elas, estará sobre a mesa de negociações praticamente tudo o que cada país do mundo troca com os demais, de equipamentos e serviços de informática a seguros, das concorrências públicas ao leite.
Assinados acordos internacionais, não adianta depois tentar truques internos que os violem. O máximo que se pode fazer é chorar o leite derramado como muita gente no Brasil (inclusive o presidente da República) faz em relação à abertura promovida pelo governo Fernando Collor, tida por FHC como "precipitada".
O diabo é que o Brasil, nas vésperas de entrar nessa roda de fogo planetária, não tem um projeto claro e mais ou menos consensual sobre o lugar que quer ocupar no mundo.
Nem parece ser um tema que ocupe políticos, partidos, lideranças sociais, pelo menos não com a dedicação de tempo e energia para examinar todas as alternativas.
Ou, posto de outra forma, o Brasil corre o sério risco de se preparar para comemorar os seus 500 anos sem saber direito o que quer ser quando crescer (se crescer algum dia). Como data cabalística, o milênio começa em 2001. Como encontro com a realidade, em 2005. Perto demais para a letargia.


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