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INTEGRAÇÃO EXCLUSIVA
O desempenho da balança comercial brasileira tem motivado menos preocupação do que seria
adequado. Um dos motivos é a fase
de relativa bonança nos mercados financeiros externos, associada à forte
entrada de investimentos diretos.
Como tudo vai mais ou menos bem
no financiamento de curto prazo do
déficit externo, o lado real do balanço de pagamentos perde o foco.
Um exemplo de dado preocupante,
mas que o contexto de curto prazo
acaba tingindo com tons mais suaves, é o das exportações para a América Latina. Nos primeiros seis meses
deste ano, informa a Secretaria de
Comércio Exterior, a América Latina
passou os EUA no ranking das regiões para as quais o Brasil mais exporta. Em primeiro lugar continua a
União Européia, ainda que já mostrando uma participação declinante.
Para a secretária de Comércio Exterior, Lytha Spíndola, a decisão brasileira de aprofundar as relações comerciais com os países da América
Latina ajuda a explicar o cenário.
No entanto, as vendas externas do
país que tiveram maior crescimento
foram as direcionadas para o mercado mexicano. Ora, nesse caso, é difícil desvincular o dado da dependência do México em relação aos EUA.
No caso de outros países da América Latina, o crescimento nas vendas
parece muito mais ligado aos efeitos
da maxidesvalorização que marcou o
primeiro semestre de 1999 do que a
fatores estratégicos, como pretende
Spíndola. Afirmar, com base em dados tão limitados, que já ocorre uma
mudança no padrão de comércio exterior do país é tecnicamente arriscado, para dizer o menos.
Resta a hipótese, menos confortável para o governo FHC, de que o
atual quadro no comércio exterior reflita muito mais a dificuldade brasileira de exportar produtos industrializados para países desenvolvidos do
que uma suposta integração virtuosa
e desejável à América Latina.
Essa região, a julgar pelas crises recentes, se integra menos por méritos
internos e mais por ser ainda bastante excluída dos mercados mais ricos
e dinâmicos do planeta.
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