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CARLOS HEITOR CONY
A CPI e FHC
RIO DE JANEIRO - Acredito que nunca elogiei a oposição -o grupo contraditório e muitas vezes quixotesco
que procura cobrar do governo o mínimo: mais decência e menos escândalos.
Apreciei a decisão, tomada aqui no
Rio, de excluir FHC da CPI com que
se pretende apurar atos e fatos tidos e
havidos no Planalto, não nos porões,
como foi no caso de 54, mas na sala
mais próxima do gabinete presidencial.
Serei, quem sabe, o último brasileiro a admitir que o presidente da República seja corrupto. Tenho como
certa a sua probidade pessoal no que
diz respeito ao dinheiro público. Mas
paro por aí.
Tal como no caso de Vargas, nenhum brasileiro duvidou de sua inocência no episódio da rua Tonelero.
Mas ele próprio foi o primeiro a admitir o ""mar de lama", que serviu de
pretexto para um golpe militar e político. Reagindo ao golpe, preferiu sair
da vida e entrar na história como o
maior vulto do século.
A CPI é uma exigência da nação,
que se sabe espoliada em seu patrimônio moral e econômico. Não há
indícios. Há acusações formais e categorizadas, algumas delas já provadas à saciedade.
Em minha modesta opinião, o presidente só poderia ser suspeito do crime de formação de quadrilha. Afinal,
alguns dos homens mais ligados a ele,
operacionalmente, estão envolvidos
em casos de tráfico de influência, suborno e enriquecimento ilícito.
De duas uma: ou o presidente foi
traído por eles ou foi com eles solidário, ficando em aberto o grau dessa
solidariedade, que poderia fazer dele
um beneficiário. Devo acrescentar
que não faltaram advertências, e até
mesmo evidências, de que havia esqueletos demais nos armários presidenciais.
Em ambos os casos, e feitas as investigações pela CPI que a consciência
dos brasileiros reclama, aí sim, o presidente deverá ser chamado à responsabilidade perante a nação.
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