São Paulo, quinta-feira, 27 de julho de 2000


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CARLOS HEITOR CONY

A CPI e FHC

RIO DE JANEIRO - Acredito que nunca elogiei a oposição -o grupo contraditório e muitas vezes quixotesco que procura cobrar do governo o mínimo: mais decência e menos escândalos.
Apreciei a decisão, tomada aqui no Rio, de excluir FHC da CPI com que se pretende apurar atos e fatos tidos e havidos no Planalto, não nos porões, como foi no caso de 54, mas na sala mais próxima do gabinete presidencial.
Serei, quem sabe, o último brasileiro a admitir que o presidente da República seja corrupto. Tenho como certa a sua probidade pessoal no que diz respeito ao dinheiro público. Mas paro por aí.
Tal como no caso de Vargas, nenhum brasileiro duvidou de sua inocência no episódio da rua Tonelero. Mas ele próprio foi o primeiro a admitir o ""mar de lama", que serviu de pretexto para um golpe militar e político. Reagindo ao golpe, preferiu sair da vida e entrar na história como o maior vulto do século.
A CPI é uma exigência da nação, que se sabe espoliada em seu patrimônio moral e econômico. Não há indícios. Há acusações formais e categorizadas, algumas delas já provadas à saciedade.
Em minha modesta opinião, o presidente só poderia ser suspeito do crime de formação de quadrilha. Afinal, alguns dos homens mais ligados a ele, operacionalmente, estão envolvidos em casos de tráfico de influência, suborno e enriquecimento ilícito.
De duas uma: ou o presidente foi traído por eles ou foi com eles solidário, ficando em aberto o grau dessa solidariedade, que poderia fazer dele um beneficiário. Devo acrescentar que não faltaram advertências, e até mesmo evidências, de que havia esqueletos demais nos armários presidenciais.
Em ambos os casos, e feitas as investigações pela CPI que a consciência dos brasileiros reclama, aí sim, o presidente deverá ser chamado à responsabilidade perante a nação.


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