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ELIANE CANTANHÊDE
Marco Aurélio, qual é a sua?
CARACAS - Marco Aurélio de Mello foi o ministro do Supremo Tribunal
Federal que mandou soltar o Cacciola, aquele banqueiro tolinho o suficiente para se esborrachar na desvalorização cambial de 1999.
Do governo, Cacciola ganhou uma
bolada para cobrir suas perdas. De
Marco Aurélio, acaba de ganhar a
chance de curtir o seu e o nosso rico
dinheirinho na Europa, bem longe
da polícia, da Justiça e da prisão.
Ninguém entendeu a decisão de
Marco Aurélio. Nem o presidente do
Supremo, Carlos Velloso, que revogou a liminar dele e mandou prender
Cacciola novamente. Foi desmoralizante para o ministro, mas tarde demais: o pombo já tinha voado.
Agora, sabe-se que o mesmo Marco
Aurélio já tinha bloqueado investigações do Ministério Público sobre repasse de verbas do TRT-SP para o
Grupo OK, do ex-senador Luiz Estevão. E suspendido uma decisão do
TCU (Tribunal de Contas da União)
para que os envolvidos no roubo de
R$ 169 milhões do TRT-SP devolvessem a grana aos cofres públicos. Inclusive a Incal, construtora da obra.
Entre uma decisão do TCU e um
pedido da Incal, com qual você ficaria? O ministro ficou com a Incal.
Marco Aurélio de Mello era um
ilustre desconhecido quando foi surpreendentemente nomeado para a
mais alta Corte do país pelo seu primo, o então presidente Fernando Collor de Mello. E vive dizendo que é
amigo de Luiz Estevão.
Às coincidências: Marco Aurélio
deve favores a Collor, que deve favores a Luiz Estevão, que também deve
favores a Collor. Ah, sim. E, como todo mundo a essa altura já sabe, Luiz
Estevão é o verdadeiro dono da Incal.
A CPI do Judiciário não acabou, ou
acabou antes do tempo. Falta apurar
a participação de Eduardo Jorge e a
do TST (Tribunal Superior do Trabalho) no desvio do TRT-SP. Falta,
também, entender decisões de certos
juizes e ministros. Esses, por exemplo,
bonzinhos demais com Cacciola, Incal, Luiz Estevão. Por que, hein?
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