São Paulo, quinta-feira, 27 de julho de 2000


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ELIANE CANTANHÊDE

Marco Aurélio, qual é a sua?

CARACAS - Marco Aurélio de Mello foi o ministro do Supremo Tribunal Federal que mandou soltar o Cacciola, aquele banqueiro tolinho o suficiente para se esborrachar na desvalorização cambial de 1999.
Do governo, Cacciola ganhou uma bolada para cobrir suas perdas. De Marco Aurélio, acaba de ganhar a chance de curtir o seu e o nosso rico dinheirinho na Europa, bem longe da polícia, da Justiça e da prisão.
Ninguém entendeu a decisão de Marco Aurélio. Nem o presidente do Supremo, Carlos Velloso, que revogou a liminar dele e mandou prender Cacciola novamente. Foi desmoralizante para o ministro, mas tarde demais: o pombo já tinha voado.
Agora, sabe-se que o mesmo Marco Aurélio já tinha bloqueado investigações do Ministério Público sobre repasse de verbas do TRT-SP para o Grupo OK, do ex-senador Luiz Estevão. E suspendido uma decisão do TCU (Tribunal de Contas da União) para que os envolvidos no roubo de R$ 169 milhões do TRT-SP devolvessem a grana aos cofres públicos. Inclusive a Incal, construtora da obra.
Entre uma decisão do TCU e um pedido da Incal, com qual você ficaria? O ministro ficou com a Incal.
Marco Aurélio de Mello era um ilustre desconhecido quando foi surpreendentemente nomeado para a mais alta Corte do país pelo seu primo, o então presidente Fernando Collor de Mello. E vive dizendo que é amigo de Luiz Estevão.
Às coincidências: Marco Aurélio deve favores a Collor, que deve favores a Luiz Estevão, que também deve favores a Collor. Ah, sim. E, como todo mundo a essa altura já sabe, Luiz Estevão é o verdadeiro dono da Incal.
A CPI do Judiciário não acabou, ou acabou antes do tempo. Falta apurar a participação de Eduardo Jorge e a do TST (Tribunal Superior do Trabalho) no desvio do TRT-SP. Falta, também, entender decisões de certos juizes e ministros. Esses, por exemplo, bonzinhos demais com Cacciola, Incal, Luiz Estevão. Por que, hein?


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