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São Paulo, domingo, 27 de julho de 2003

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LIMITES PARA GIGANTES

O Iraque pode ser o maior problema enfrentado pelo governo dos EUA, mas há outros sinais de que a administração Bush já não implementa suas políticas com a facilidade que se seguiu ao trauma do 11 de Setembro. Na contramão das expectativas da Casa Branca e dos grandes conglomerados de mídia, a Câmara reverteu a desregulamentação aprovada em junho pela FCC (Federal Communications Commission).
Por 400 votos a 21, os deputados derrubaram na quarta-feira a principal mudança introduzida pela agência reguladora, que permite a um grupo possuir emissoras de TV em quantidade suficiente para atingir até 45% do público norte-americano -contra um limite anterior de 35%. Comitê do Senado já havia tomado decisão semelhante à da Câmara.
Resultado de intenso lobby de companhias como Disney (proprietária da rede ABC) e News Corporation (Fox News), o pacote da FCC desperta oposição veemente de instituições tão distintas quanto National Rifle Association (pró-armas) e National Organization for Women (feminista), além de ONGs de defesa dos direitos do consumidor.
Esses grupos argumentam que, ao estimular uma concentração de propriedade ainda maior do que a atual, as mudanças definidas pela agência contribuirão para limitar a diversidade de informação. Há 20 anos, 50 corporações dominavam o mercado de mídia nos EUA. Eram 23 no início da década passada. Hoje são cinco.
Ainda não se sabe se Bush vetará a decisão do Congresso. Caso isso ocorra, serão necessários dois terços dos votos, nas duas Casas, para restabelecer o limite de 35%. Seja qual for o desfecho do episódio, impressiona que a resistência aos grandes conglomerados tenha prosperado em meio ao espírito desregulamentador que domina o governo dos EUA. Também é novidade a rebeldia da maioria republicana no Congresso. Até recentemente, ninguém apostaria que ela pudesse criar dificuldades para a Casa Branca.


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