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CLÓVIS ROSSI
Seguuura, eleitor!
SÃO PAULO - No fim da manhã de sábado, o aeroporto de Barretos era o
retrato acabado da casa-da-mãe-joana em que se transformou a política brasileira -para não usar outra
palavra também iniciada com "c".
Michel Temer, o presidente do
PMDB, foi o primeiro a chegar. Ficou
esperando o aviãozinho seguinte para receber ou José Serra, o candidato
presidencial de Temer, ou Orestes
Quércia, o candidato a senador por
São Paulo do partido de Temer, embora Quércia seja o inimigo-mór do
tucanato paulista.
Recebeu ambos no final das contas.
No intervalo entre um e outro, desembarcou a turma do PT, com o deputado Aloizio Mercadante à frente,
ele também candidato a senador por
São Paulo e ex-inimigo mortal de
Quércia e do quercismo.
Um jovem com o adesivo de Quércia pregado na camisa suada aperta
a mão de Mercadante e promete-lhe
o voto (o segundo voto, imagino, já
que o primeiro, ao menos em tese,
iria para Quércia).
Mercadante fica feliz. Aliás, fica feliz com qualquer segundo voto.
Provoco: "Está esperando o Quércia
para começar a carreata?".
Mercadante sorri amarelo. Ainda
não chegou a tanto. Espera por
Eduardo Suplicy, que já está em campanha para a Presidência em 2006.
Tem lógica: se Luiz Inácio Lula da
Silva, o candidato do PT, perder agora, nunca mais se candidata. Se ganhar, "já disse várias vezes que não
disputará a reeleição", anotou e repassa Suplicy.
Quércia vai embora no carro de Uebe Rezeck, o prefeito, que, na véspera,
jantara com Paulo Maluf, ao qual só
pode ter prometido apoio, tanto que
Maluf disse ao jornal local que Rezeck poderia pedir tudo o que quisesse que seria atendido.
À noite, na Festa do Peão (que afinal me levara a Barretos), o grito de
"segura, peão" parecia feito para
mim, que já acreditei que havia mocinhos e bandidos na política -e eles
não se misturavam.
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