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ELIANE CANTANHÊDE
Passaporte para o futuro
JOHANNESBURGO - Fernando Henrique Cardoso chega no próximo domingo a Johannesburgo, África do
Sul, pronto para brilhar na Cúpula
Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, a "Rio +10".
O momento é oportuno, pois FHC
pretende ser, simultaneamente, um
presidente que se despede em grande
estilo do cenário internacional e um
futuro ex-presidente que apresenta
suas credenciais como um dos próximos líderes mundiais. Pelo menos
dos "países em desenvolvimento".
O cenário também é especialmente
adequado. O Brasil pode não ser lá
essas coisas em cúpulas de comércio,
de finanças e muito menos de segurança. Mas é uma potência, orgulhosa e saltitante como seus delegados,
em megarreuniões sobre ambiente.
Não só porque tem a maior biodiversidade do planeta mas porque
tenta caprichar depois de ter sediado
a histórica Eco-92, no Rio de Janeiro.
O governo federal evoluiu muito nessa área, alguns governos estaduais fizeram o que podiam, o Acre é um sucesso internacional (menos pelo
TRE...). E, acima de tudo isso e apesar
da montoeira de coisas que ainda há
por fazer, a cidadania abriu os olhos.
FHC, portanto, vem quente que os
países desenvolvidos estão fervendo.
Liderados pelos EUA e pelo absurdo
de George W. Bush, querem fechar os
olhos para os próprios erros e os bolsos para os erros dos mais pobres.
O presidente brasileiro não estará
falando sozinho. Ele tem a delegação
dos 33 países da América Latina e do
Caribe e, cá pra nós, vem articulando
uma espécie de aliança com Tony
Blair, do Reino Unido, na reunião final de chefes de Estado.
Até lá, as reuniões técnicas se multiplicam nas salas e auditórios do
Sandton Centre, com ricos disputando cada vírgula com pobres e com governos digladiando-se com ONGs.
Mas a fitinha vermelha que Marcelo
Furtado, do Greenpeace, usa no pescoço pode unir ONGs e ex-governos.
"Bush, don"t burn our future!" (Bush,
não queime nosso futuro!), diz. FHC,
o presidente, jamais repetiria isso.
Mas FHC, o candidato ao futuro,
adoraria poder fazê-lo.
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