São Paulo, quarta-feira, 27 de agosto de 2003 |
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TENDÊNCIAS/DEBATES Marca no botijão: direito do consumidor
LAURO MARCOS MUNIZ BARRETTO COTTA
A utilização do selo, substituindo a marca gravada, seria um desestímulo à manutenção dos botijões e à compra de novas unidades pelas empresas. Quem investiria num recipiente que poderia ser usado também por qualquer empresa concorrente? Isso reduziria fatalmente o nível de segurança de todo o sistema de distribuição de GLP alcançado após a implantação, em 1996, do código de auto-regulamentação do setor, que instituiu a obrigatoriedade da requalificação dos botijões existentes no país. Nos últimos seis anos, as distribuidoras investiram mais de R$ 1 bilhão na requalificação de botijões. E mais: segundo dados da Polícia Militar do Estado de São Paulo, desde 1996 o número de acidentes com botijões diminuiu significativamente. E continua caindo. O desemprego seria mais uma consequência negativa do fim da obrigatoriedade da marca nos botijões de GLP, pois o sistema atual propicia a geração de empregos diretos e indiretos nos centros de destroca e nas atividades de manutenção permanente, fabricação e sucateamento de botijões. Talvez por todos esses motivos, ou apenas por sua inutilidade, o selo no botijão não tenha sido adotado em nenhum país do mundo. É uma falácia dizer que a presença da marca nos recipientes encarece o produto em razão do esquema de destroca dos botijões entre as distribuidoras, pois o custo médio de operação de destroca não chega a R$ 0,12 por unidade. A Angás, que diz representar os interesses das pequenas distribuidoras, afirma que essas empresas são prejudicadas na destroca de botijões, chegando a insinuar que seus botijões são levados para longe e desaparecem. A verdade por trás dessa queixa é que as empresas que integram a Angás não investem adequadamente em botijões, por isso não conseguem atender a legislação vigente. Querem tocar seu negócio com os botijões comprados por outras empresas. E sustentam esse "direito" por meio de liminares. É mais cômodo e mais barato do que comprar seus próprios botijões. Os argumentos tendenciosos, na linha Davi x Golias, distorcem a realidade. Há outras empresas pequenas que operam sem problemas, já que têm seus botijões próprios em quantidade suficiente e fazem a destroca regularmente. O mercado de GLP no Brasil é aberto e o Sindigás, em conjunto com o governo, trabalhou muito para que essa abertura ocorresse de forma justa e equilibrada. São levianas as acusações de que as empresas distribuidoras compõem um cartel. E é também um grande equívoco a alegação de que, no mercado brasileiro de GLP, o número supostamente reduzido de empresas distribuidoras reduz o grau de competição no mercado. Existem 16 distribuidoras no país, sendo que as cinco maiores representam 89% do mercado. Em todo o mundo, a média é de quatro operadoras por país. Cerca de 70% das despesas operacionais da distribuição de GLP correspondem a custos fixos. Quanto mais o mercado se fragmentar, maior será o peso dos custos fixos no preço final. A menos que haja a intenção desonesta de cortar investimentos e custos vitais para a segurança do consumidor. Lauro Marcos Muniz Barretto Cotta, 51, engenheiro, é presidente do Sindigás (Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Gás Liquefeito de Petróleo). Texto Anterior: TENDÊNCIAS/DEBATES Luiz Fernando Delazari: A verdade sobre os bingos Próximo Texto: Painel do leitor Índice |
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