|
Próximo Texto | Índice
PALOCCI E OS MERCADOS
Não é a consulta ao comportamento do índice Bovespa ou
da taxa de câmbio que irá determinar
se as explicações do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, devem ser
aceitas como definitivas. É irrelevante para a avaliação do caso se os mercados se deram por satisfeitos com
as declarações do ministro e consideraram sem impacto o depoimento
prestado por seu ex-assessor Rogério Buratti à CPI dos Bingos.
O fato é que Buratti sustentou o que
dissera ao Ministério Público: a empresa Leão Leão, da qual era vice-presidente, pagava uma "caixinha" de
R$ 50 mil mensais à prefeitura de Ribeirão Preto para reforçar as finanças
do PT. E o então prefeito Palocci conheceria o esquema.
Mais do que isso, Buratti disse ter
transmitido ao chefe de gabinete do
ministério da Fazenda uma proposta
da empresa Gtech, que oferecia pagamento por uma renovação de contrato com a Caixa Econômica Federal. Tamanha desenvoltura leva a crer
que o intermediário via chances de o
ministro aceitar algo desse gênero
-ou ao menos considerava possível
abordá-lo sem temer reações drásticas. Palocci recusou a oferta, mas, ao
que se sabe, nada fez contra os que
teriam tentado corrompê-lo.
Ainda segundo o depoente, uma
doação de R$ 2 milhões de empresas
de jogos para a campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva envolveria um acordo eleitoral. Tratava-se
de regulamentar os jogos e renovar o
contrato da Gtech com a Caixa.
Também não se podem ignorar os
telefonemas de Buratti para Palocci e
o fato de o ministro não ter feito referência a oito contratos assinados pela prefeitura com a Leão Leão.
São conhecidas as notícias sobre
esquemas de captação irregular de
recursos por parte de prefeituras sob
comando do PT -e o escândalo da
cidade paulista de Santo André é a
mais estridente delas. Quanto a Ribeirão Preto, o Ministério Público e o
próprio Buratti afirmam haver elementos para provar que houve contribuição da empresa. Palocci, como
Lula, alega nada saber. Mas não basta a paz dos mercados para oferecer
garantias quanto a isso. É preciso
que as investigações prossigam.
Próximo Texto: Editoriais: PROTOCOLO PARALELO Índice
|