São Paulo, sábado, 27 de agosto de 2005

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PROTOCOLO PARALELO

Sem alarde , governadores de nove Estados do Nordeste dos EUA estão negociando uma carta de intenções para reduzir suas emissões de gases que produzem o efeito estufa. É um muito bem-vindo golpe contra a política do presidente George W. Bush, que, no início de seu primeiro mandato, retirou os EUA do Protocolo de Kyoto, a iniciativa internacional para evitar o aquecimento anormal da temperatura do planeta provocado pela ação humana.
Pelo documento, que está em fase final de elaboração, Nova York e mais oito Estados de uma das regiões mais desenvolvidas do país se comprometem a reduzir em 10% até 2020 as emissões provenientes de centrais elétricas. É uma meta comparável à estabelecida por Kyoto para as nações desenvolvidas. Alguns especialistas consideram que outras unidades poderiam aderir à iniciativa e que os EUA, a depender da pressão, voltariam ao acordo internacional, sob Bush ou o próximo presidente.
Seria um avanço formidável. Uma das grandes críticas que se faz a Kyoto é o fato de que um tratado dessa natureza que não inclua os EUA, que, sozinhos, respondem por 36% das emissões dos países industrializados, tende a ser pouco relevante.
Para além da meta nada desprezível de evitar que leguemos a nossos descendentes um planeta inabitável, esforços para a contenção do efeito estufa são uma exigência do consumidor sofisticado, muitos dos quais vivem no Nordeste dos EUA.
Embora num primeiro momento os cortes em emissões tendam a encarecer a energia elétrica e, portanto, os custos das empresas, firmas não-identificadas com práticas ambientalmente corretas correm o risco de ter seus produtos preteridos. Mais do que isso, na Europa, que abraçou Kyoto, as companhias já estão se adaptando a essas novas exigências. As concorrentes norte-americanas temem ficar para trás.
Não importa tanto quais sejam os motivos dos governadores, o fato a ser comemorado é que, se a iniciativa prosperar, o planeta poderá respirar um pouco mais aliviado.


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