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PROTOCOLO PARALELO
Sem alarde , governadores de
nove Estados do Nordeste dos
EUA estão negociando uma carta de
intenções para reduzir suas emissões
de gases que produzem o efeito estufa. É um muito bem-vindo golpe
contra a política do presidente George W. Bush, que, no início de seu primeiro mandato, retirou os EUA do
Protocolo de Kyoto, a iniciativa internacional para evitar o aquecimento
anormal da temperatura do planeta
provocado pela ação humana.
Pelo documento, que está em fase
final de elaboração, Nova York e
mais oito Estados de uma das regiões mais desenvolvidas do país se
comprometem a reduzir em 10% até
2020 as emissões provenientes de
centrais elétricas. É uma meta comparável à estabelecida por Kyoto para
as nações desenvolvidas. Alguns especialistas consideram que outras
unidades poderiam aderir à iniciativa
e que os EUA, a depender da pressão,
voltariam ao acordo internacional,
sob Bush ou o próximo presidente.
Seria um avanço formidável. Uma
das grandes críticas que se faz a Kyoto é o fato de que um tratado dessa
natureza que não inclua os EUA,
que, sozinhos, respondem por 36%
das emissões dos países industrializados, tende a ser pouco relevante.
Para além da meta nada desprezível
de evitar que leguemos a nossos descendentes um planeta inabitável, esforços para a contenção do efeito estufa são uma exigência do consumidor sofisticado, muitos dos quais vivem no Nordeste dos EUA.
Embora num primeiro momento
os cortes em emissões tendam a encarecer a energia elétrica e, portanto,
os custos das empresas, firmas não-identificadas com práticas ambientalmente corretas correm o risco de
ter seus produtos preteridos. Mais do
que isso, na Europa, que abraçou
Kyoto, as companhias já estão se
adaptando a essas novas exigências.
As concorrentes norte-americanas
temem ficar para trás.
Não importa tanto quais sejam os
motivos dos governadores, o fato a
ser comemorado é que, se a iniciativa
prosperar, o planeta poderá respirar
um pouco mais aliviado.
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