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LUCIANO MENDES DE ALMEIDA
Grito dos Excluídos
2005
No dia 7 de setembro, continuando a tradição iniciada em 1995,
organiza-se o Grito dos Excluídos, ligado ao anseio de independência e de
cidadania plena numa pátria livre e
soberana.
A cada ano, renova-se a tomada de
consciência da exclusão social e reafirma-se o compromisso com a justiça e
com solidariedade, garantindo a todos condições dignas de vida. Não se
trata apenas de gritar contra as injustiças, o que é necessário, mas de empenhar-se por metas claras e viáveis.
O grito de 2004 já se referia à necessidade de mudanças. Neste ano, o lema
"Brasil, em nossas mãos a mudança"
insiste no simbolismo das mãos que
constroem para indicar a urgência de
empreender ações concretas e de colaborar a fim de que se realizem.
O grito convoca para uma avaliação
objetiva do drama da desigualdade social. Os dados são conhecidos, e basta
lembrar o enorme desequilíbrio na
distribuição da renda nacional, pois,
segundo o IPEA, em 2002, os 50%
mais pobres recebiam 14,4% da renda
nacional, ao passo que o 1% dos mais
ricos detinha 13,5% dessa renda. É
preciso, no entanto, não se acomodar
com essa desigualdade, mas organizar-se para garantir aos excluídos alcançar os bens necessários, a começar
do trabalho.
Na sua metodologia, o grito insiste
em acreditar na união dos grupos populares e na atuação do próprio povo
sofrido, que deve mobilizar-se e expressar seus objetivos de participar
dos debates em busca de soluções que
consolidem o regime democrático,
garantindo a todos o exercício da cidadania
A mudança preconizada no lema
tem por base a constatação de que o
atual sistema econômico não conseguiu promover as políticas públicas
para vencer o desemprego, ajustar o
salário e, em especial, assegurar o
acesso bem programado dos trabalhadores rurais à terra.
As conquistas na superação da exclusão social estão vinculadas a três
componentes: resolver o problema
dos altos juros e dos serviços do endividamento externo, que dependem de
ajustes exigidos pelo capital financeiro
internacional; programar o reto uso
dos recursos naturais, evitando a exploração descontrolada e predatória;
eliminar a corrupção, que usa de modo ilícito os bens públicos com desvio
de verbas e gastos com campanhas
eleitorais.
Em todo esse processo em prol da
soberania, permanece o dever de sustentar a esperança do povo e a confiança no direito e nas soluções pacíficas, evitando o desânimo que vai penetrando no inconsciente coletivo. É
hora de colocar os interesses do Brasil
acima das vantagens de partidos e
grupos.
Atenção especial merece nossa juventude, que aguarda a oportunidade
de trabalhar, pois 39% dos desempregados têm entre 18 e 24 anos de idade.
Quem não se impressiona com o crescimento entre os jovens da violência e
do uso das drogas e até perda da vontade de viver?
O "Grito" de 2005 é, também, um
apelo aos dirigentes do país a fim de
que se voltem com rapidez para os anseios do povo e atendam, especialmente nos municípios, as necessidades urgentes dos excluídos.
Unidos aos trabalhadores em romaria à Padroeira do Brasil, no dia da pátria, peçamos a Deus que fortaleça em
nós os laços da fraternidade. O grito
vira prece. Temos de aprender a unir
as mãos e construir juntos a pátria
sem exclusões, com pão e com paz para todos.
Dom Luciano Mendes de Almeida escreve aos
sábados nesta coluna.
@ - almendes@feop.com.br
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