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FERNANDO DE BARROS E SILVA
Marca histórica
SÃO PAULO - Hoje, Dilma Rousseff
seria eleita presidente em primeiro
turno, com 55% dos votos válidos,
conforme mostra o Datafolha. Se isso se confirmar, poderá ter a votação mais expressiva da história da
República pelo menos desde o fim
do Estado Novo getulista, em 1945.
A marca de Dilma hoje é muito
semelhante à de Fernando Henrique Cardoso em 1994, quando o tucano se elegeu em primeiro turno
com 54,3% dos votos válidos.
O diretor do Datafolha, Mauro
Paulino, chama a atenção para o
seguinte fato: a curva da ascensão
de FHC em 94 é bastante similar à
que Dilma descreve agora. O tucano ia na garupa do Plano Real; Dilma vai na garupa de Lula.
FHC se reelegeu em 1998 também em primeiro turno (com 53%),
coisa que Lula não conseguiu fazer
nem em 2002 nem em 2006.
Como curiosidade histórica, vale
voltar mais no tempo. Além de
FHC, apenas o general Eurico Gaspar Dutra (PSD), em 1945, foi eleito
com maioria absoluta dos votos válidos numa única votação. O ministro da Guerra de Vargas obteve
55,4% dos válidos, derrotando o
brigadeiro Eduardo Gomes (UDN).
Até 1989, quando Fernando Collor venceu Lula no segundo turno,
as eleições se resolviam num único
pleito, sem que fosse necessário obter mais de 50% dos votos. Em 1950,
Getúlio Vargas (PTB) teve 48,7%
dos válidos, batendo o mesmo
Eduardo Gomes. Em 1955, Juscelino
Kubitschek (PSD) obteve 35,7% dos
votos, derrotando Juarez Távora
(UDN) e Adhemar de Barros (PSP).
Jânio Quadros (PDC), em 1960,
teve 48,3% dos válidos, vencendo o
marechal Henrique Lott (PSD).
Entre Jânio e Collor, o país cresceu demograficamente, mas sobretudo a democracia brasileira se
massificou, o que é ótimo. Em 1945,
Dutra teve 3,2 milhões de votos; em
1994, FHC foi eleito por 34,4 milhões. Em pouco mais de 30 dias,
Dilma deve roubar o título de Dutra
(proporcionalmente o mais votado). Talvez as coincidências entre
ela e o general não fiquem por aí.
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