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ALÍVIO LIMITADO
Pela primeira vez em oito
anos, o país obteve, em agosto,
saldo positivo no balanço de transações de bens e serviços com o exterior. Essas transações trouxeram
US$ 316 milhões de dólares ao país.
O dado, divulgado ontem, não surpreendeu, pois já se sabia que em
agosto o comércio exterior de bens
havia propiciado saldo positivo de
US$ 1,6 bilhão e poderia mais do que
compensar o tradicional déficit do
país na conta de serviços. Mesmo assim, a obtenção de dólares por meio
das transações correntes chegou a
ser saudada como evidência do veloz
ajuste da economia à diminuição da
entrada de capitais externos.
Visto isoladamente, esse resultado
foi sem dúvida positivo. Mas uma visão do conjunto das contas externas
é bem menos tranquilizadora. O pequeno superávit em conta corrente
ficou longe de compensar o déficit
na conta que reúne as transações de
capital e financeiras. O resultado global foi uma redução das reservas internacionais líquidas do BC de US$
2,2 bilhões em agosto.
Dentre os fluxos de capital externo,
destacou-se, além da retração persistente da oferta de crédito, a perda de
dinamismo do investimento direto.
A maior aversão global ao risco está
mitigando o ímpeto até mesmo desses fluxos, que desde 1997 vêm sendo
o esteio das contas externas e poderiam, em tese, até se acelerar para tirar proveito do barateamento, em
dólares, dos ativos brasileiros.
O ponto é que a retração dos fluxos
de capital continua muito mais rápida do que a reação dos fluxos de transações correntes. O que mantém vulneráveis as contas externas do país
-apesar do fôlego trazido pelo crédito do FMI.
A transição das contas externas para uma posição sustentável demandará um bom tempo, durante o qual
o suporte do FMI será necessário para manter a credibilidade na solvência externa do país. A preservação
desse suporte não está garantida. Por
exemplo, se o FMI exigir, para conter
a alta da dívida pública, aumentos recorrentes da meta de superávit primário, poderá surgir um impasse.
Um impasse perigoso para todas as
partes envolvidas.
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