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BRASIL E ARGENTINA
As relações políticas e econômicas entre Argentina e Brasil
precisam ser objeto de um novo pacto que considere a nova realidade dos
dois países. Nesse sentido, a visita do
presidente Eduardo Duhalde a Fernando Henrique Cardoso soa como
o canto de cisne de uma fase e de um
projeto de união plenos de grandiloquentes princípios, mas com resultados muito abaixo das expectativas.
Duhalde e FHC já não estarão à frente das negociações bilaterais no próximo ano, tarefa que caberá a seus
respectivos sucessores.
Argentina e Brasil vivem, ambos, as
consequências da ruína de modelos
econômicos calcados na abertura radical ao capital estrangeiro e na expectativa, ingênua, de que esses fluxos de dinheiro seriam duradouros.
Se a Argentina sofre essas consequências muito mais dramaticamente que o Brasil, por ter justamente
implantado a variante mais dependente do setor externo, isso não é
motivo nenhum para que políticos
brasileiros "comemorem" o fato.
Não há nada que comemorar.
Independentemente de o projeto
do Mercado Comum do Sul -tal como foi formulado ainda nos anos 80
e implementado ao longo da última
década- ter-se revelado incongruente com a trajetória dos seus
dois países-líderes, perdura o diagnóstico de que as economias e as sociedades argentina e brasileira só
têm a ganhar se caminharem juntas
e coordenadamente. Apesar do flagelo que representou ao emprego e
às condições de vida, principalmente
no caso argentino, a ruína do câmbio
fixo, nos dois países, abriu uma possibilidade mais factível de convergência macroeconômica.
É a partir daí, e sem nenhuma interdição a que se revejam os termos que
vinham sendo artificialmente mantidos no projeto Mercosul (inclusive a
problemática Tarifa Externa Comum), que os dois próximos presidentes de Brasil e Argentina deveriam começar a discutir.
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