São Paulo, sexta-feira, 27 de setembro de 2002

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BRASIL E ARGENTINA

As relações políticas e econômicas entre Argentina e Brasil precisam ser objeto de um novo pacto que considere a nova realidade dos dois países. Nesse sentido, a visita do presidente Eduardo Duhalde a Fernando Henrique Cardoso soa como o canto de cisne de uma fase e de um projeto de união plenos de grandiloquentes princípios, mas com resultados muito abaixo das expectativas. Duhalde e FHC já não estarão à frente das negociações bilaterais no próximo ano, tarefa que caberá a seus respectivos sucessores.
Argentina e Brasil vivem, ambos, as consequências da ruína de modelos econômicos calcados na abertura radical ao capital estrangeiro e na expectativa, ingênua, de que esses fluxos de dinheiro seriam duradouros. Se a Argentina sofre essas consequências muito mais dramaticamente que o Brasil, por ter justamente implantado a variante mais dependente do setor externo, isso não é motivo nenhum para que políticos brasileiros "comemorem" o fato. Não há nada que comemorar.
Independentemente de o projeto do Mercado Comum do Sul -tal como foi formulado ainda nos anos 80 e implementado ao longo da última década- ter-se revelado incongruente com a trajetória dos seus dois países-líderes, perdura o diagnóstico de que as economias e as sociedades argentina e brasileira só têm a ganhar se caminharem juntas e coordenadamente. Apesar do flagelo que representou ao emprego e às condições de vida, principalmente no caso argentino, a ruína do câmbio fixo, nos dois países, abriu uma possibilidade mais factível de convergência macroeconômica.
É a partir daí, e sem nenhuma interdição a que se revejam os termos que vinham sendo artificialmente mantidos no projeto Mercosul (inclusive a problemática Tarifa Externa Comum), que os dois próximos presidentes de Brasil e Argentina deveriam começar a discutir.



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