São Paulo, segunda-feira, 27 de setembro de 2010 |
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FERNANDO DE BARROS E SILVA Máscaras e curingas SÃO PAULO - Os adversários precisam tirar até domingo algo como 5 milhões de votos de Dilma Rousseff para levar a disputa para o segundo turno. Hoje, o mais provável é que na segunda que vem o país tenha o seu próximo presidente já eleito. Escrevo antes do debate da Record, ontem à noite, mas, salvo engano, dificilmente ele vai alterar o rumo da sucessão. Restam dois programas eleitorais na TV e sobretudo o debate da Globo, na quinta. O filme, tudo indica, terá o final do roteiro escrito por Lula. Da polarização com os tucanos à transferência de votos, tudo deu certo. A metáfora cinematográfica serve também porque Dilma deve vencer sendo pouco mais que um personagem de ficção. Não é fácil identificar algo espontâneo, ou autêntico, sob a persona produzida em estúdio, com fala, rosto e identidade programados para um certo papel. É uma grande incógnita saber como Dilma se comportará depois da transfusão de votos que receberá de Lula. E como se portará, no day after, o próprio doador universal? Essa é uma impressão muito subjetiva, admito, mas Dilma, quando sorri, tem algo da expressão do Curinga de Jack Nicholson, no "Batman". Ou esse será José Serra? Pois, se é verdade que Dilma é um personagem de ficção, o tucano se tornou uma ficção de personagem. Começou a campanha autosuficiente, como fiador da unidade nacional e do país que "pode mais". Na primeira oportunidade em que pôde alguma coisa, deu vazão a delírios sobre o PT e as Farc. Logo a seguir, se mostrou na TV ao lado de Lula, ao mesmo tempo em que buscava nos escândalos do governo Lula uma tábua de salvação. Serra chega à reta final prometendo criar o 13º do Bolsa Família, enquanto veicula na internet filmetes comparando os petistas a rottweilers assassinos. Nem ele sabe mais que máscara vestir, a do gato ou a do cão. De certa forma, o tucano é o avesso de Dilma -de quem não se conhece um rosto anterior ao personagem mascarado. Texto Anterior: Editoriais: Planos x médicos Próximo Texto: Brasília - Fernando Rodrigues: Brasil profundo Índice | Comunicar Erros |
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