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São Paulo, segunda-feira, 27 de outubro de 2003

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O FUTURO DO SALDO

Entre as razões para o sucesso da luta contra a inflação destaca-se a reversão das expectativas de desvalorização do real frente ao dólar. Na transição entre os governos Lula e FHC, vinha da especulação cambial uma das mais preocupantes pressões inflacionárias.
O sucesso, no entanto, é explicado em boa medida pela retração da atividade econômica movida a juros reais elevadíssimos. A contração do mercado interno leva a uma queda nas importações ao mesmo tempo em que aumenta o excedente de produtos exportáveis.
A boa notícia, que é um saldo superior a US$ 20 bilhões em 2003, depende nesse caso, em parte, de notícias ruins -juros altos e contenção do crescimento. A julgar, porém, pela profundidade do desemprego e pelo desalento empresarial, o equilíbrio entre boas e más notícias é precário. A sustentabilidade de um saldo tão expressivo é duvidosa, sobretudo a partir do momento em que surtir efeito a redução gradual dos juros conduzida pelo BC.
O próprio governo emite sinais ambíguos nesse campo. De um lado, o ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, projeta um crescimento de 10% nas exportações em 2004. De outro, o secretário-executivo da Câmara de Comércio Exterior do mesmo Ministério, Mário Mugnaini, anuncia estudos que apontam para uma redução do saldo da balança comercial para US$ 10 bilhões em 2007. Ou seja, menos da metade do saldo atual.
Nas atuais condições de desenvolvimento tecnológico, é impossível crescer contendo importações. As necessidades de modernização exigem a importação de equipamentos de última geração. O crescimento econômico também requer maior consumo de insumos importados.
Resta saber com base em que modelo macroeconômico e de políticas industriais o governo pretende harmonizar as previsões de saldo declinante com a necessidade de evitar novas ondas de desvalorização cambial. Esse horizonte de longo prazo continua nebuloso e incerto.



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