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OBJETIVO DUVIDOSO
Empurrado pela elevação da
taxa básica de juros efetuada pelo Banco Central em 15 de setembro,
o custo médio das operações de crédito no Brasil aumentou em setembro, passando de 43,9% para 45,1%
ao ano. Interrompeu-se, assim, um
movimento, iniciado em abril, de
lenta redução desse custo, a partir de
um nível muito alto.
É o que atestam dados divulgados
ontem pelo Banco Central. As estatísticas revelam ainda um segundo
elemento a contribuir para o encarecimento do crédito: o aumento do
"spread" bancário -isto é, da diferença entre o custo de captação de recursos pelos bancos e a taxa que eles
cobram dos tomadores finais dos
empréstimos.
O diretor do Banco Central que
anunciou os números acrescentou
que, na primeira metade de outubro,
a alta do custo do crédito teve continuidade. Vale assinalar que isso
ocorreu antes da nova elevação da taxa de juros básica, alçada para
16,75% há uma semana. Logo, é lícito presumir que o encarecimento do
crédito prossegue.
O fenômeno é evidentemente negativo para famílias e empresas que
precisam de crédito para ajudar a
custear suas compras e girar seus negócios. Mas deve estar sendo comemorado pelos responsáveis, no Banco Central, por definir a taxa básica
de juros. Afinal, a despeito dos torneios retóricos com que o Comitê de
Política Monetária vem justificando
suas decisões de aumentar os juros,
sua intenção é precisamente encarecer o crédito, visando conter a demanda por bens e, por essa via, limitar a alta dos preços.
A questão é saber se perseguir uma
meta de inflação exageradamente
ambiciosa constitui justificativa cabível para o sacrifício da atividade econômica induzido pela elevação do
custo do crédito. As perspectivas de
crescimento em 2005, que já se encontravam prejudicadas pela iminente desaceleração da economia
global, vão se amesquinhando a golpes de aumento de juros.
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