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MELCHIADES FILHO
Balé municipal
BRASÍLIA - Para o PMDB, a situação é confortável até 2010. Sem aspirações majoritárias colocadas,
nada melhor do que se servir dos
cargos e photo ops com o presidente popular. Se em dois anos o projeto "viável" pertencer a um partido
de oposição, Aécio por exemplo, o
bandeamento será tranqüilis.
Para o PT, não. Pela primeira vez
terá de testar o poder de fogo sem o
nome de Lula na cédula. Precisará
de toda ajuda. Que dirá a do parceiro com mais filiados e a maior penetração no território nacional -uma
considerável máquina eleitoral.
Amarrar o PMDB e fazer com que
a aliança transcenda de algum modo Lula seria, portanto, fundamental para as pretensões petistas.
As eleições municipais do ano
que vem, que por enquanto parecem chochas e irrelevantes, se encaixariam nesse xadrez. Elas poderiam ser o momento de renovação
do compromisso PT-PMDB. Funcionar como um contrato de gaveta.
O problema é que o petismo não
está acostumado a ceder espaço na
política. Sua tradição manda despachar os dissidentes e forçar a cabeça
de chapa a todo custo.
Sócio bem mais cordato, o PC do
B sentiu isso na pele há três anos
em Fortaleza. Com o candidato favorito nas pesquisas, viu o PT impor na última hora, e com o apoio
do primeiro escalão do governo federal, o nome de Luizianne Lins.
Mais preocupados com as disputas internas, hoje (como sempre) os
petistas não parecem dispostos a
abdicar do eu-quero-só-pra-mim.
Sem nome competitivo no Rio,
por exemplo, rechaçaram nesta semana a idéia de autenticar o candidato do governador peemedebista
Sérgio Cabral. Mais: divulgaram o
plano de concorrer a quase todas as
cem principais prefeituras do país
(hoje controlam um quarto delas).
A oposição, tão criticada pela inação, parece ter enxergado adiante.
Ampliar o fosso entre PT e PMDB é
um objetivo do tucanato quando interfere nas eleições no Congresso e
nas labaredas do Renangate.
mfilho@folhasp.com.br
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