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PAINEL DO LEITOR
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Aborto e violência
"É, no mínimo, execrável o ponto
de vista do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral Filho (PMDB),
acerca do aborto.
Como é que pode um ser humano
pensar no direito de ceifar a vida de
inocentes e indefesos como uma
política pública e um método para
redução na criminalidade?
Seria mais justo e sensato do ponto de vista ético, moral, social e, até
mesmo, humano investir e incentivar políticas capazes de tirar as
crianças da rua e de reduzir os crescentes níveis de criminalidade.
Essa maneira de pensar -nem sei
se esse é um ato pensado- faz com
que nossa sociedade regrida a épocas em que os homens usavam tacape e arrastavam suas mulheres pelos cabelos.
Não é por meio de um método assassino e desumano que teremos
uma sociedade menos violenta.
E os crimes não partem só das camadas mais pobres da sociedade."
ALEXANDRE J. NOBRE (Maceió, AL)
"O governador Sérgio Cabral, ao
expor suas idéias, me fez pensar em
uma proposta para o problema de
marginalização no Brasil.
Seriam as seguintes: 1) castração
de todos políticos julgados corruptos; 2) que toda política grávida
considerada culpada por corrupção
seja obrigada a praticar o aborto; 3)
que toda esposa de político, cujo
marido seja considerado culpado
por corrupção, seja obrigada a abortar; 4) que todo político que rouba a
nação seja obrigado a praticar o haraquiri.
Considero a última medida a
mais eficaz de todas, pois elimina o
mau na sua raiz.
Agora, falando sério. Acho lamentável uma pessoa que ocupa
um cargo público tão importante
dar esse tipo de solução para a diminuição da criminalidade.
O governo tem de dar condições
para que as famílias possam tomar
decisões do que fazer com seus filhos."
FERNANDO DOS SANTOS BARROS (São Paulo, SP)
"Quero parabenizar o governador Sérgio Cabral por sua coragem e
dedicação no combate à criminalidade e, principalmente, por sua posição em relação ao tema "controle
de natalidade e aborto".
Chega de hipocrisia -tanto da sociedade como da igreja.
O controle de natalidade sobre a
população carente e miserável é assunto sério, e é por aí que começa
uma sociedade e uma nação com
condições de dar saúde, educação e
segurança. Na década de 70, o projeto Bemfam, tentou efetuar ligaduras na rede pública, mas devido à hipocrisia e à falta de responsabilidade social de algumas facções e da
igreja, não logrou êxito. Certamente nós, da classe média, não estaríamos pagando tanto imposto e morrendo assassinados nas portas de
nossas casas.
Ter filhos é um direito de todos;
criá-los é um dever decorrente;
quem não cumpre seus deveres
simplesmente perde seus direitos"."
ADMYR CONSANI (São Paulo, SP)
"Concordo com Sérgio Cabral. As
gestantes, quando se conscientizam de que seus filhos não terão o
café da manhã, o almoço e o jantar
prometidos por Lula, quando vêem
que seus filhos não terão as escolas
prometidas a elas por Lula, que não
terão saúde, enfim, que sabem que
seus filhos não terão a menor chance de competir no tal "mundo globalizado", devem ter uma segunda
chance. A descriminalização do
aborto, nesse caso, é a saída.
Só não concordo com Cabral
quando ele diz serem as favelas fábricas de marginais. Para mim, a tal
fábrica de marginais está no Planalto, com filiais no Congresso, nas Assembléias, nas Câmaras Municipais
e nos palácios dos governantes."
JOSÉ MAURÍCIO DE ALMEIDA (São Paulo, SP)
Juízes e promotores
"Sobre a manifestação da leitora
Sandra Moraes ("Painel do Leitor"
de 23/10), gostaria de ressaltar que
os concursos para juízes e promotores são rigorosos. E neles há avaliação oral, psicológica e psiquiátrica.
Toda instituição é composta por
pessoas vindas da sociedade, portanto, qualquer questionamento
deve também passar pela avaliação
de se nós, integrantes da sociedade,
não estamos falhando na geração
dos resultados dessa sociedade.
Acredito que uma atitude indevida de uma pessoa que integra alguma instituição não possa servir para
questionar todo o funcionamento
dessa instituição."
LUIZ GONZAGA MENDES MARQUES
(Campo Grande, MS)
Lula e empresários
"É claro que os empresários
"emudeceram" depois da conversa
com Lula. Depois de ficar demonstrado que nunca se ganhou tanto dinheiro no Brasil, ficou claro que,
nessa história, só quem perde é o
consumidor, que paga as contas.
Todo o custo dos tributos -incluindo o da CPMF- é repassado
ao preço final dos produtos. E o empresariado e o governo saem "bonitos". É só ganho e alegria. O cidadão
comum, o consumidor, não tem poder, não tem voz, não tem vez."
CRISTINA ROCHA AZEVEDO (Florianópolis, SC)
Padre Júlio
"A respeito de recentes reportagens sobre a atuação de padre Júlio
Lancellotti, informações são pinçadas aqui e ali para passar uma imagem equivocada do padre Júlio,
quando, na verdade, o que ele fez foi
tão-somente se exceder na sua bondade para ajudar ex-internos da Febem, os quais, além da ajuda, passaram a violentá-lo com ameaças, as
mais variadas, tornando a sua vida,
ao esgotarem-se os recursos que
amealhara, difícil de ser vivida.
A partir desse momento, o padre
Júlio pediu o auxílio do governador
Geraldo Alckmin e levou suas queixas ao Ministério Público, que iniciou, há quase um ano, processo penal por crime de extorsão (art.158,
do Código Penal) contra os responsáveis pelas violências sofridas pela
sua vítima. Isso não foi nem sequer
noticiado.
Os jornais estampam a notícia de
que "a ONG Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto será submetida a uma investigação", quando, em
nota de esclarecimento da direção
daquela ONG, resta claro que o padre Júlio -e aqui a insinuação-
não tem acesso ao movimento financeiro da organização.
O padre Júlio é uma das figuras
emblemáticas da defesa dos direitos humanos no Brasil. É assim conhecido também no exterior.
Notícias que buscam o sensacionalismo e que, na verdade, concorrem para engrossar a campanha cotidiana contra os direitos humanos
não servem à verdade e à democracia, mas concorrem para o aumento
da violência no país."
HÉLIO BICUDO, presidente do Centro Santo Dias de
Direitos Humanos e da Fundação Interamericana
de Direitos Humanos (São Paulo, SP)
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