|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CATÁSTROFE DA AIDS
A mensagem do relatório anual
da ONU sobre a epidemia de
Aids permite uma leitura sombria: o
pior ainda está por vir. Apesar de alguns avanços localizados em prevenção e tratamento, os números globais não cessam de crescer. Vivem
hoje no planeta 42 milhões de pessoas com o vírus HIV. Em 2002, nada
menos do que 5 milhões contraíram
o vírus, e 3,1 milhões morreram em
consequência da moléstia.
Especialmente preocupantes são
os rumos que a epidemia está tomando na Ásia e na Europa Oriental.
O temor é o de que nessas regiões a
doença saia de controle e assuma
proporções comparáveis às da África
subsaariana, onde quase 30 milhões
de pessoas estão com o HIV.
China, Índia e Rússia são vistos como verdadeiras bombas-relógio, tão
grande é o crescimento de novas infecções. No sul e no leste da Ásia,
ocorreu quase 1 milhão de novas
transmissões em 2002; na Europa
Oriental e na Ásia Central, 250 mil.
No sul da África, onde a situação
sanitária já era catastrófica, uma seca
particularmente intensa trouxe ainda
o problema da fome. Numa perversa
sinergia, a fome enfraquece ainda
mais os doentes que já são em número tão elevado a ponto de comprometer a produção agrícola. Em seis
países da África austral (Lesoto, Moçambique, Suazilândia, Zâmbia e
Zimbábue), 14 milhões podem morrer nos próximos meses.
Em meio a tanta tragédia despontam alguns sinais positivos. A América do Sul, liderada pelo Brasil, está
colhendo sucessos tanto na prevenção como no tratamento dos soropositivos. No continente africano, África do Sul e Etiópia conseguiram reverter algumas tendências nas taxas
de infecção. Zâmbia e Uganda também colhem sinais encorajadores
devido a campanhas de prevenção.
Falta dinheiro para expandir e aprimorar as experiências de sucesso.
Técnicos da ONU calculam que, investindo US$ 10 bilhões anuais até
2005 no fundo global de combate à
Aids, seria possível prevenir 29 milhões de casos até o fim da década.
Por enquanto, o fundo, que foi criado em junho do ano passado, conseguiu promessas de US$ 2,1 bilhões.
Texto Anterior: Editoriais: DÉFICIT AMERICANO Próximo Texto: Editoriais: RUMO AO PACÍFICO Índice
|