São Paulo, quarta-feira, 27 de novembro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CATÁSTROFE DA AIDS

A mensagem do relatório anual da ONU sobre a epidemia de Aids permite uma leitura sombria: o pior ainda está por vir. Apesar de alguns avanços localizados em prevenção e tratamento, os números globais não cessam de crescer. Vivem hoje no planeta 42 milhões de pessoas com o vírus HIV. Em 2002, nada menos do que 5 milhões contraíram o vírus, e 3,1 milhões morreram em consequência da moléstia.
Especialmente preocupantes são os rumos que a epidemia está tomando na Ásia e na Europa Oriental. O temor é o de que nessas regiões a doença saia de controle e assuma proporções comparáveis às da África subsaariana, onde quase 30 milhões de pessoas estão com o HIV.
China, Índia e Rússia são vistos como verdadeiras bombas-relógio, tão grande é o crescimento de novas infecções. No sul e no leste da Ásia, ocorreu quase 1 milhão de novas transmissões em 2002; na Europa Oriental e na Ásia Central, 250 mil.
No sul da África, onde a situação sanitária já era catastrófica, uma seca particularmente intensa trouxe ainda o problema da fome. Numa perversa sinergia, a fome enfraquece ainda mais os doentes que já são em número tão elevado a ponto de comprometer a produção agrícola. Em seis países da África austral (Lesoto, Moçambique, Suazilândia, Zâmbia e Zimbábue), 14 milhões podem morrer nos próximos meses.
Em meio a tanta tragédia despontam alguns sinais positivos. A América do Sul, liderada pelo Brasil, está colhendo sucessos tanto na prevenção como no tratamento dos soropositivos. No continente africano, África do Sul e Etiópia conseguiram reverter algumas tendências nas taxas de infecção. Zâmbia e Uganda também colhem sinais encorajadores devido a campanhas de prevenção.
Falta dinheiro para expandir e aprimorar as experiências de sucesso. Técnicos da ONU calculam que, investindo US$ 10 bilhões anuais até 2005 no fundo global de combate à Aids, seria possível prevenir 29 milhões de casos até o fim da década. Por enquanto, o fundo, que foi criado em junho do ano passado, conseguiu promessas de US$ 2,1 bilhões.


Texto Anterior: Editoriais: DÉFICIT AMERICANO
Próximo Texto: Editoriais: RUMO AO PACÍFICO

Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.