São Paulo, quarta-feira, 27 de novembro de 2002

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RUMO AO PACÍFICO

Uma aspiração de certa elite "desenvolvimentista" brasileira sempre foi a de romper o padrão histórico de ocupação socioeconômica do território nacional e abrir corredores de escoamento da produção para o oceano Pacífico. A utilização agropecuária do cerrado, impulsionada a partir da segunda metade da década de 1970, foi um passo efetivo nessa direção.
Agora, um estudo da Bolsa de Mercadorias & Futuros, em parceria com técnicos da USP e da Fundação Getúlio Vargas, acaba de delinear, em grandes números, os enormes ganhos que o Brasil teria se empreendesse um novo ciclo de investimentos no oeste brasileiro. Trata-se de estabelecer rotas de transporte que levem mercadorias nacionais para serem exportadas a partir de portos instalados na costa do Pacífico, na América do Sul.
Os pesquisadores estimam que a abertura de rotas através dos Andes estimularia a produção de grãos brasileira, que poderia crescer cerca de 60% em dez anos, atingindo a marca de 160 milhões de toneladas. Além disso, teria capacidade de evitar a pressão demográfica nos principais centros urbanos, fazendo crescer a população rural no oeste do país.
No Oriente habitam cerca de 70% da população mundial. As portentosas taxas de crescimento da economia em países como Coréia do Sul, Índia e China indicam uma demanda crescente por alimentos. E, de acordo com o estudo, o Brasil é a última fronteira agrícola significativa em expansão em todo o planeta.
Investimentos de US$ 9 bilhões anuais (20% deles cabendo ao poder público, basicamente a título de expansão e melhoria da infra-estrutura) poderiam operar essa transformação no oeste brasileiro. Trata-se, evidentemente, de um projeto ousado de desenvolvimento nacional. Justamente o tipo de projeto e de aspiração de que o Brasil inexplicavelmente abdicou nas últimas décadas.


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