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RUMO AO PACÍFICO
Uma aspiração de certa elite
"desenvolvimentista" brasileira sempre foi a de romper o padrão
histórico de ocupação socioeconômica do território nacional e abrir
corredores de escoamento da produção para o oceano Pacífico. A utilização agropecuária do cerrado, impulsionada a partir da segunda metade
da década de 1970, foi um passo efetivo nessa direção.
Agora, um estudo da Bolsa de Mercadorias & Futuros, em parceria com
técnicos da USP e da Fundação Getúlio Vargas, acaba de delinear, em
grandes números, os enormes ganhos que o Brasil teria se empreendesse um novo ciclo de investimentos no oeste brasileiro. Trata-se de
estabelecer rotas de transporte que
levem mercadorias nacionais para
serem exportadas a partir de portos
instalados na costa do Pacífico, na
América do Sul.
Os pesquisadores estimam que a
abertura de rotas através dos Andes
estimularia a produção de grãos brasileira, que poderia crescer cerca de
60% em dez anos, atingindo a marca
de 160 milhões de toneladas. Além
disso, teria capacidade de evitar a
pressão demográfica nos principais
centros urbanos, fazendo crescer a
população rural no oeste do país.
No Oriente habitam cerca de 70%
da população mundial. As portentosas taxas de crescimento da economia em países como Coréia do Sul,
Índia e China indicam uma demanda
crescente por alimentos. E, de acordo com o estudo, o Brasil é a última
fronteira agrícola significativa em expansão em todo o planeta.
Investimentos de US$ 9 bilhões
anuais (20% deles cabendo ao poder
público, basicamente a título de expansão e melhoria da infra-estrutura) poderiam operar essa transformação no oeste brasileiro. Trata-se,
evidentemente, de um projeto ousado de desenvolvimento nacional.
Justamente o tipo de projeto e de aspiração de que o Brasil inexplicavelmente abdicou nas últimas décadas.
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