São Paulo, quarta-feira, 27 de novembro de 2002

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CLÓVIS ROSSI

A dívida e o PT

SÃO PAULO - Na questão de um eventual calote do Brasil sobre sua dívida externa, estamos mais ou menos como os espanhóis, que não acreditam em bruxas, mas que "las hay, las hay".
Ou posto de outra forma: a boa lógica manda dizer que o risco de calote é próximo de zero. Mas nem todo mundo acredita na boa lógica. Veja-se, por exemplo, o texto publicado ontem por esta Folha, de autoria do economista Michael Pettis.
Termina assim: "As crises que a Argentina e o Brasil enfrentam são causadas primordialmente por problemas de balanço. O modo correto de resolvê-las é reduzir e reestruturar a dívida, eliminando os obstáculos ao crescimento e ao investimento. Se não agirmos agora, teremos de tomar as mesmas difíceis decisões de qualquer forma, mas apenas depois que muitos anos de crise agravarem a situação de todos".
O PT, por enquanto, pode fugir a uma tomada de posição a respeito do que fazer com a dívida, mas por muito pouco tempo mais. O Brasil, afinal, faz parte do G-20, um clube formado após a crise russa para discutir a famosa reforma da arquitetura do sistema financeiro planetário.
Na mais recente reunião, no fim de semana, o grupo evitou decidir sobre a proposta de Anne Krueger, hoje o segundo nome do FMI, que prevê um mecanismo compulsório de resolução de dívidas (uma espécie de concordata de país, não de firmas).
Não houve definição precisamente porque o presente governo brasileiro se opôs, alegando, com certa razão, que, se houver tal mecanismo, os credores se tornarão ainda mais refratários a colocar dinheiro nos chamados mercados emergentes, na medida em que o calote passaria a ser uma possibilidade devidamente sacramentada nos códigos internacionais.
Acontece que a partir de 1º de janeiro, o PT passa a ser o Brasil no G-20, e a proposta continuará sobre a mesa. O partido tem alguma posição a respeito para a próxima reunião?


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