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Ilhas de dinamismo
AS CONTAS externas do Brasil registraram recentemente um resultado atípico: no acumulado do ano (até outubro), o fluxo de investimento
direto realizado por firmas brasileiras no exterior superou por
larga margem o ingresso de investimentos estrangeiros.
Uma única operação -a compra de uma mineradora canadense pela Vale do Rio Doce, por mais de US$ 13 bilhões- foi a
grande responsável por esse resultado. Mas não se tratou de um
fato isolado: os demais investimentos brasileiros no exterior
no ano somam quase US$ 10 bilhões -com destaque para os setores petrolífero e siderúrgico.
São setores, a exemplo da mineração, nos quais as empresas
que aqui operam gozam de vantagens graças à dotação de recursos naturais do país. Elas se fortalecem e se internacionalizam
para melhorar suas condições de
competir globalmente.
Enquanto as saídas se aceleram, as entradas de investimentos externos não mostram grande ímpeto: como em 2005, o país
caminha para fechar o ano com
redução de sua participação nos
investimentos externos dirigidos aos países em desenvolvimento. E os investimentos externos têm-se concentrado em
setores exportadores beneficiados pela alta das cotações internacionais de petróleo e metais.
Conspiram contra a atratividade do Brasil como destino de investimentos o baixo crescimento
da economia e a apreciação do
real (que prejudica a competitividade da produção doméstica
em muitos setores, além de encarecer, em dólares, os recursos
produtivos aqui instalados).
As "ilhas" de crescimento, que
abarcam também setores como o
de celulose e papel e o sucro-alcooleiro, não têm sido capazes de
alavancar o conjunto da economia. Na indústria, em mais da
metade de seus subsetores, a
produção acumula contração
nos nove primeiros meses do
ano.
Para superar esse quadro de dinamismo "insular", faz-se necessária uma resposta da política econômica -resposta que consiste em reduzir mais rapidamente os juros, controlando as despesas públicas, na expectativa de que o câmbio se corrija.
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