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FERNANDO RODRIGUES
Repetição da farsa
BRASÍLIA - A máxima de que a
história se repete como farsa está
para se tornar uma realidade para
Lula nas eleições dos presidentes
da Câmara e do Senado.
No final de 2004, o petista foi
procurado por João Paulo Cunha e
José Sarney, então presidentes das
duas Casas do Congresso. Queriam
se reeleger em fevereiro de 2005.
Lula deu sinais ambíguos. Parecia
ser a favor, mas não os ajudou de fato. Os dois acabaram ficando de fora. A disputa virou uma guerra campal. O PT, com sua volúpia pelo poder e incapacidade de entender a conjuntura, teve dois candidatos
-Virgílio Guimarães e Luiz Eduardo Greenhalgh. Perderam. Ganhou
Severino Cavalcanti. O resto, como
se sabe, é história.
Severino foi um ponto fora da
curva nas relações promíscuas e fisiológicas entre Executivo e Legislativo. Teve de renunciar para não
ser cassado. Sua atuação desastrada
foi o caldo de cultura propício para
que eclodisse o escândalo do mensalão -o ápice de um processo no
qual parte dos deputados se sentiu à
vontade para fazer à luz do dia o que
vinha produzindo há décadas em
espaços recônditos dos edifícios do
Congresso.
Agora, tudo de novo. Renan Calheiros (presidente do Senado) e Aldo Rebelo
(Câmara) querem se reeleger. Lula deu sinais de que vai
apoiar. Mas o PT insiste em ter candidato próprio para comandar a Câmara. O PMDB, maior bancada,
idem -apesar das juras de amor ao
Palácio do Planalto.
No encontro petista no fim de semana, Lula cometeu uma frase
exemplar: "Como vou sair do PT se
o PT não sai de mim".
É verdade. Lula e PT não se separam, porque são partes de uma
mesma concepção de poder. Muitas
vezes, a conjunção dá certo. Em outras oportunidades, só resulta numa repetição de erros. Como agora
na disputa pelas presidências da
Câmara e do Senado.
frodriguesbsb@uol.com.br
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