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LUCIANO MENDES DE ALMEIDA
Dia Mundial da Paz
A mensagem do Papa João Paulo
2º para o Dia Mundial da Paz
2004 é de rara beleza e oportunidade e
deveria ser lida e meditada na sua íntegra. Renova o apelo feito em sua primeira alocução pontifícia, em janeiro de 1979: "Para alcançar a paz, educar
para a paz".
João Paulo 2º, tendo diante de si a situação dramática do novo milênio e a
sua larga experiência de pastor, insiste
em afirmar que "Educar para a paz é
um compromisso sempre atual". Dirige sua convocação a todos, mas coloca
em evidência os chefes das nações, os
juristas empenhados em encontrar
caminhos de entendimento pacifico,
os educadores da juventude, para que
formem as consciências para a compreensão e o diálogo, e também os homens e as mulheres que se sentem tentados a recorrer ao inadmissível instrumento do terrorismo.
Lembra a incansável atuação de seu
predecessor, o Papa Paulo 6º, que, em
1968, desejou que no dia 1º de janeiro
de cada ano se celebrasse o Dia Mundial de Oração pela Paz. Às 11 mensagens de Paulo 6º (1968-1978) somam-se os 25 anos de constantes e veementes apelos do atual Pontífice para assegurar no mundo a convivência serena
e o respeito mútuo.
Falta agora, lembra o Papa, agir a
fim de que seja alcançado o ideal de
um relacionamento pacífico e fraterno entre os povos.
A mensagem de 2004 renova a urgência da educação para a paz, porque, diante das tragédias da humanidade, há quem se sinta tentado a ceder
ao fatalismo. É preciso reafirmar que
"a paz é possível e é um dever".
A parte central da alocução é dedicada à insistência na educação para a legalidade e ao respeito à ordem internacional, que evite o uso arbitrário da
força e garanta a solução pacífica das
controvérsias. Recorda o longo caminho da história desde a formação do
"direito das nações" ("jus gentium")
até o surgimento e a atuação da Organização das Nações Unidas e do Conselho de Segurança. Mostra, no entanto, o limite da ONU e a premência de
uma reforma no ordenamento internacional, a fim de que seja capaz de
enfrentar não só os conflitos entre Estados soberanos, mas os novos atores,
que são entes ligados a organizações
independistas ou até conexos com
agremiações criminosas. Diante do
terrorismo, será preciso elaborar instrumentos jurídicos que previnam e
reprimam o crime, mas salvaguardem
sempre os direitos fundamentais da
pessoa. Insiste a mensagem em ir às
causas das injustiças subjacentes e
educar para o respeito à vida humana.
Lembra aos discípulos de Cristo que
educar a si mesmo e aos outros para a
paz é dever que decorre da própria fé
em Jesus Cristo, que veio para anunciar o Evangelho da Paz e convocar-nos para construir a paz.
Na elaboração do direito internacional, a Igreja é chamada a cooperar para que haja pleno respeito à ordem ética e jurídica. Cabe, com efeito, à moral
fecundar o direito. Além disso, é preciso que a caridade anime todos os setores da vida humana, incluindo a ordem internacional. A Justiça sozinha
não basta, porque nem sempre consegue liberar-se do rancor, do ódio e até
da crueldade. Não há paz sem perdão.
Só uma humanidade onde reine a "civilização do amor poderá gozar da paz
autêntica e duradoura".
"O amor vence tudo." O Papa João
Paulo 2º termina nos exortando, para
que cada um se esforce por apressar
essa vitória.
Dom Luciano Mendes de Almeida escreve aos
sábados nesta coluna.
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