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Obama e as Américas
Distensão com Cuba abriria margem na agenda dos EUA para temas mais relevantes, como comércio e energia
A IMAGEM do governo
George W. Bush é tão
negativa na América
Latina que a simples
posse de Barack Obama suscita
otimismo sobre as relações dos
EUA com a região. Energia, clima, comércio, segurança e imigração são os principais temas
que devem pautar o diálogo no
continente.
Do ponto de vista brasileiro, a
promessa de renovação da matriz energética americana é a que
desperta maiores expectativas. A
redução nas barreiras à importação do álcool produzido no Brasil
poderia contribuir para acelerar
a transição rumo a fontes renováveis naquele país.
As bases políticas do Partido
Democrata, vale lembrar, sempre estiveram associadas a plataformas protecionistas no comércio. A crise, que faz aumentar depressa o desemprego em regiões
que apoiaram maciçamente a
candidatura Obama, tende a exacerbar esse comportamento.
Apesar disso, o presidente eleito nomeou o democrata Ron
Kirk, ex-prefeito de Dallas, para
chefiar o escritório encarregado
das questões de comércio exterior. Bem-sucedido politicamente no Texas, rincão dos republicanos, Kirk tem um histórico de
posições favoráveis à expansão
do livre comércio.
A despeito de qual seja a resultante do governo Obama para o
comércio, o Brasil dificilmente
deixará de receber atenção crescente, na linha do que já ocorre
neste segundo mandato da administração Bush.
Além das negociações sobre
abertura de mercado, Brasília
deverá ser interlocutor importante de Washington na agenda
ambiental. A mudança climática,
a julgar pelo peso acadêmico e
pela biografia da equipe escalada
para esse setor do governo Obama, ganhará status de assunto de
Estado na Casa Branca.
Há fortes indícios, por outro
lado, de que uma agenda gradual
de distensão com a ditadura cubana esteja nos planos da nova
gestão. A superação desse litígio
-idealmente com o fim do embargo imposto à ilha e a abertura
do regime em Cuba- melhoraria
o ambiente para as relações entre países americanos.
Com o fim da Guerra Fria, Cuba perdeu toda a relevância estratégica que possuía no continente. Como seu peso econômico é negligenciável, o conflito só
se manteve de pé por uma idiossincrasia da política doméstica
americana -a oposição dos cubano-americanos, exilados sobretudo na Flórida, a qualquer
concessão ao regime dos Castro.
Uma mudança, contudo, parece ter ocorrido na eleição de
2008: Obama venceu na Flórida
sem ter selado compromisso
com os cubano-americanos radicais. Se o democrata resolver a
pendência com a ilha, a diplomacia americana para o continente
estará livre de um fardo que distorce sua atuação regional.
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