São Paulo, sábado, 27 de dezembro de 2008

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Editoriais

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Queda persistente

O VOLUME de crédito doméstico voltou a aumentar em novembro, quando atingiu R$ 1,2 trilhão, segundo o BC -o equivalente a 40,3% do Produto Interno Bruto (PIB). O estoque de empréstimos cresceu 32,8% nos 12 meses encerrados em novembro e 29,2% nos primeiros 11 meses do ano.
Infelizmente, esses dados mascaram o desempenho do crédito, que vem se deteriorando rapidamente. Em novembro, o fluxo de operações de crédito com recursos livremente pactuados entre os agentes foi 9,4% menor do que em outubro. Todas as modalidades de crédito tiveram queda, com exceção dos Adiantamentos sobre Contratos de Câmbio (associados às exportações) e do chamado "hot money" -dinheiro de curtíssimo prazo destinado às empresas.
Para as pessoas físicas, as concessões para a aquisição de bens registraram em novembro retração de 18,8% sobre outubro e de 55,1% sobre novembro de 2007. Para as pessoas jurídicas, essas concessões caíram 37,4% de outubro para novembro.
Os bancos não só reduziram os empréstimos como elevaram os juros. No cheque especial a taxa subiu para 174,8% ao ano, o maior patamar desde 2003.
Já o prazo médio das operações evoluiu na direção contrária, agravando a situação para quem toma empréstimos. Para as pessoas jurídicas caiu a 305 dias. Para as pessoas físicas diminuiu para 482 dias.
Diversas medidas já foram implementadas pelas autoridades visando conter o movimento de retração nos empréstimos: redução dos depósitos compulsórios, alteração nas regras relacionadas aos créditos tributários, garantia de empréstimos por meio do Fundo Garantidor de Crédito etc. Até novembro elas claramente foram insuficientes.
Cabe ao Executivo, no entanto, garantir que o sistema financeiro cumpra adequadamente suas funções de ofertante de crédito. Para estimular a retomada dessas operações, as autoridades deveriam reduzir ainda mais os compulsórios -que ainda estão entre os mais elevados do mundo. E deveriam começar, logo, a reduzir a taxa básica de juros.


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