São Paulo, quinta-feira, 28 de fevereiro de 2002

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NOVO TROPEÇO

O Pentágono disse anteontem que desativará o Escritório de Informações Estratégicas, criado em segredo após os ataques de 11 de setembro. O órgão supostamente seria usado para fornecer informações falsas a jornalistas e a líderes civis estrangeiros -aliados ou não.
O secretário da Defesa, Donald Rumsfeld, justificou a decisão dizendo que as críticas dirigidas ao escritório eram equivocadas, mas que a imagem do órgão tinha sido manchada. Diversos jornais americanos criticaram a administração de George W. Bush por ter ocultado a criação do escritório até a semana passada e, sobretudo, por causa da suposta missão do órgão.
Segundo Rumsfeld, os "EUA nunca mentiram nem mentirão sobre suas ações militares". Contudo, durante a campanha militar no Afeganistão, o Pentágono teve de enfrentar veementes contestações de repórteres de vários países sobre informações divulgadas pelo governo.
Por exemplo, na semana passada, Rumsfeld reconheceu que, diferentemente do que o Pentágono havia dito, ataques dos EUA realizados na região de Tora Bora não tinham matado combatentes da rede terrorista Al Qaeda nem do Taleban, mas só civis, como os jornalistas haviam relatado.
O caso se transformou em mais uma trapalhada do governo dos EUA. Já houve outros exemplos. A campanha no Afeganistão foi inicialmente chamada de operação Justiça Infinita, o que provocou a ira dos muçulmanos, pois, para eles, só Allah pode realizá-la. Em janeiro, Bush inseriu no que classificou de "eixo do mal" o Iraque, o Irã e a Coréia do Norte, causando consternação em alguns aliados.
É sabido que os serviços de inteligência da maioria dos países realizam missões de desinformação com o intuito de confundir o inimigo. Nesse caso, a única novidade foi Washington criar um órgão específico para fazê-lo.


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