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CLÓVIS ROSSI
Bom senso sob suspeita
SÃO PAULO - Em tese, nada faz mais sentido do que impor a regra de que
as coligações nos Estados não podem
ser diferentes das formadas para o
pleito nacional.
Sempre em tese, se o partido "x" é
compatível com o "y" no plano nacional, não pode ser incompatível
com ele em São Paulo ou no Acre, no
Paraná ou no Maranhão.
Todo o mundo sabe que as diferenças entre seções regionais de um mesmo partido raramente têm a ver com
ideologia, programa etc. Quase sempre dizem respeito exclusivamente a
espaço político.
Na teoria, portanto, tudo muito
bom, tudo muito bem com a decisão
do TSE (Tribunal Superior Eleitoral)
de impor tal regra.
É claro que a limpeza do anárquico
sistema partidário-eleitoral brasileiro não se fará apenas por meio de
uma súbita penada de um tribunal.
Mas esse é um argumento frágil: os
tribunais servem exatamente para fixar regras -de preferência, sensatas.
Se elas "pegam" ou não é menos culpa dos tribunais superiores do que da
cultura política.
O outro argumento crítico (não se
mudam as regras no meio de um jogo) faz mais sentido, mas não todo o
sentido. Afinal, o TSE não decidiu
porque resolveu decidir ou porque o
governo o pressionou. Decidiu porque foi chamado a fazê-lo por uma
consulta da oposição (PDT).
Se se omitisse, aí sim estaria cometendo um pecado mortal. E, se decidisse o contrário, estaria violentando
o bom senso.
Na prática, de todo modo, ficará a
suspeita de que a decisão do TSE foi
tomada apenas para beneficiar a
candidatura de José Serra (PSDB).
Afinal, o presidente do Tribunal é
Nelson Jobim, ex-ministro da Justiça
do governo do qual Serra é o candidato preferido.
Mas, para provar quem ganha o
que na prática, será preciso montar
todo o quebra-cabeça das eleições
nos 26 Estados e no DF compará-lo
com as perspectivas de coligações para a Presidência. A conferir.
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