São Paulo, sábado, 28 de fevereiro de 2004

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MISTÉRIO NO ZÔO

Embora ainda não se possa descartar completamente a hipótese de contaminação acidental, tudo sugere que pelo menos 59 dos cerca de cem animais que foram encontrados mortos no Zoológico de São Paulo desde o dia 24 de janeiro tenham sido intencionalmente envenenados. A polícia já tem até o número de suspeitos que comporiam o grupo zoocida: cinco.
A aparente solução do mistério de quem teria matado os animais nos remete imediatamente para um outro: por quê? Falta a este crime um "cui prodest", alguém que se beneficie do delito. A hipótese adiantada pelos investigadores -desmoralizar a direção do zôo- soa frágil.
A cúpula da fundação que administra o Zoológico ficaria desmoralizada se os bichos estivessem morrendo em virtude de incúrias na gestão, como a falta de alimentos ou de veterinários, não pela ação de um grupo criminoso.
No mais, ao que tudo indica, os agressores tinham conhecimento técnico suficiente dos venenos empregados para saber que estes seriam detectados e que a hipótese de contaminação acidental não prosperaria. Isso apenas adiciona mistério a um caso já cheio de enigmas.
Deve-se hipotecar toda a solidariedade à direção do zôo e aos paulistanos em geral pelas mortes dos animais. Trata-se de um caso que comove e intriga São Paulo -e entrará para a crônica da cidade.
Não há como deixar de reparar, entretanto, que a alocação de 38 policiais -alguns dos quais com formação científica- para elucidar o caso parece um tanto exagerada, num contexto em que muitos crimes contra pessoas que habitam a cidade não merecem a devida atenção dos órgãos de segurança.
É de esperar, ao menos, que o caso seja logo elucidado e os responsáveis punidos.


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