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CARLOS HEITOR CONY
Pedro Bloch
RIO DE JANEIRO - Muita gente não sabe, mas Pedro Bloch, que morreu
nesta semana, é o teatrólogo brasileiro mais representado no exterior,
muito mais que Nelson Rodrigues,
Dias Gomes ou Joracy Camargo.
Nascido na Ucrânia, em 1914, veio
para o Brasil em 1922, com a sua família, formou-se em medicina, foi
pioneiro da fonoaudiologia entre
nós, tendo entre seus clientes cantores, artistas e políticos, entre os quais
Roberto Carlos, Chico Anysio, João
Gilberto, Gal Costa e Carlos Lacerda.
Com a idade, e com a mudança do
ritmo e do conteúdo do teatro, suas
peças raramente são encenadas no
Brasil, mas continuam no repertório
de companhias estrangeiras, sobretudo no Leste Europeu.
Como Procópio Ferreira, que associou-se para sempre a "Deus lhe Pague", dois grandes nomes dos nossos
palcos ficaram ligados às suas peças
mais conhecidas: Rodolpho Mayer,
intérprete do monólogo "As Mãos de
Eurídice", e Alda Garrido, com "Dona Xepa", sucesso no teatro, no cinema e, mais recentemente, na TV.
Outras peças de sua autoria são
sempre lembradas: "Os Inimigos não
Mandam Flores" e "Esta Noite Choveu Prata", bem como a série de livros infanto-juvenis que escreveu durante anos e que até hoje estão no catálogo das editoras especializadas no
gênero
Fui testemunha de um milagre operado por ele. Numa das apresentações de "O Homem da Mancha", encenada no Rio com Grande Otelo no
papel de Sancho Pança, o famoso comediante amanheceu sem voz. Era
um sábado, duas casas vendidas nas
sessões da tarde e da noite, não havia
substituto para ele.
Pedro foi acionado em emergência.
Não havia tempo para um tratamento. Era necessário quebrar o galho do
ator e do diretor Flávio Rangel, que
chegou a propor o cancelamento dos
dois espetáculos daquele dia.
Pedro conversou com ele, o problema tinha alguma coisa a ver com as
trapalhadas do ator. Na hora devida,
Grande Otelo estava no palco, ao lado de Paulo Autran e Bibi Ferreira.
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