São Paulo, sábado, 28 de fevereiro de 2004

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CARLOS HEITOR CONY

Pedro Bloch

RIO DE JANEIRO - Muita gente não sabe, mas Pedro Bloch, que morreu nesta semana, é o teatrólogo brasileiro mais representado no exterior, muito mais que Nelson Rodrigues, Dias Gomes ou Joracy Camargo. Nascido na Ucrânia, em 1914, veio para o Brasil em 1922, com a sua família, formou-se em medicina, foi pioneiro da fonoaudiologia entre nós, tendo entre seus clientes cantores, artistas e políticos, entre os quais Roberto Carlos, Chico Anysio, João Gilberto, Gal Costa e Carlos Lacerda.
Com a idade, e com a mudança do ritmo e do conteúdo do teatro, suas peças raramente são encenadas no Brasil, mas continuam no repertório de companhias estrangeiras, sobretudo no Leste Europeu.
Como Procópio Ferreira, que associou-se para sempre a "Deus lhe Pague", dois grandes nomes dos nossos palcos ficaram ligados às suas peças mais conhecidas: Rodolpho Mayer, intérprete do monólogo "As Mãos de Eurídice", e Alda Garrido, com "Dona Xepa", sucesso no teatro, no cinema e, mais recentemente, na TV.
Outras peças de sua autoria são sempre lembradas: "Os Inimigos não Mandam Flores" e "Esta Noite Choveu Prata", bem como a série de livros infanto-juvenis que escreveu durante anos e que até hoje estão no catálogo das editoras especializadas no gênero
Fui testemunha de um milagre operado por ele. Numa das apresentações de "O Homem da Mancha", encenada no Rio com Grande Otelo no papel de Sancho Pança, o famoso comediante amanheceu sem voz. Era um sábado, duas casas vendidas nas sessões da tarde e da noite, não havia substituto para ele.
Pedro foi acionado em emergência. Não havia tempo para um tratamento. Era necessário quebrar o galho do ator e do diretor Flávio Rangel, que chegou a propor o cancelamento dos dois espetáculos daquele dia.
Pedro conversou com ele, o problema tinha alguma coisa a ver com as trapalhadas do ator. Na hora devida, Grande Otelo estava no palco, ao lado de Paulo Autran e Bibi Ferreira.


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