São Paulo, sábado, 28 de fevereiro de 2004

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LUCIANO MENDES DE ALMEIDA

Preparar a Páscoa

Entramos no tempo da Quaresma. É o período de quarenta dias que preparam a Páscoa de Nosso Senhor Jesus Cristo, o grande evento da redenção da humanidade. Predita pelos profetas ao longo do Antigo Testamento, a salvação é alcançada e prometida pela morte e ressurreição do Filho de Deus.
Essa é a revelação do mistério da misericórdia de Deus, proclamada pelo próprio Cristo e anunciada ao mundo pelos seus discípulos. A fé em Jesus Cristo nos faz conhecer o infinito amor de Deus, que nos concede o perdão dos pecados, a reconciliação definitiva entre povos, raças e culturas e a esperança de comunhão eterna e feliz com a própria Trindade Divina. Esse acontecimento é tão maravilhoso que passou a ser celebrado pelas comunidades cristãs a cada ano, incluindo a preparação dos fiéis no empenho sempre maior de agradecer pelo dom divino da redenção e de adequar a própria vida à mensagem do Divino Mestre e Salvador.
O seguimento de Cristo proporciona a seus discípulos uma constante resposta para colocar em prática seus ensinamentos pela conversão pessoal e pelo testemunho de vida que oferece aos que ainda não conhecem Jesus Cristo, os valores do Evangelho e os gestos da caridade cristã.
O tempo de Quaresma se destina à renovação espiritual, revendo a própria vida, reconhecendo as faltas de procedimento e pedindo perdão pelos pecados e a graça para crescer na comunhão com Deus e com o próximo.
Na tradição do caminho penitencial, a Igreja convida os fiéis para três atitudes: o jejum, a oração e a esmola. Podemos nos perguntar como assumir esses conselhos em nossa vida.
O jejum nos ajuda a controlar os excessos na busca do prazer e a retificar o nosso procedimento. A moderação faz parte da conservação da saúde, da disciplina pessoal e do autodomínio. Hoje, no entanto, há aspectos que requerem urgente conversão, com especial atenção aos jovens. Basta que nos lembremos dos dias de Carnaval para perceber a difusão crescente da bebida alcoólica, dos tóxicos e do sexo fácil e sem compromissos. Tudo isso causa estrago enorme entre os jovens, destruindo valores, comprometendo a saúde e, não raro, a própria vida. A medida governamental de distribuição de preservativos precisa ser revista em profundidade à luz do dano moral e dos graves efeitos negativos que acarreta, a começar da banalização do sexo e da perda do sentido do verdadeiro amor.
A oração é componente central da vida cristã e precisa sempre ser intensificada em nível pessoal e comunitário, abrindo novas oportunidades para meditar sobre os ensinamentos de Cristo e neles encontrar o caminho da plena realização.
Quanto à esmola, entendemos o valor que adquire à luz da caridade fraterna, que não se resume em pequenos gestos de doação, mas na atitude de quem assume a partilha como regra de vida e se empenha para uma ordem social solidária e justa.
Neste ano, a Campanha da Fraternidade coloca em evidência o tema "Água, fonte de vida", de tanto alcance para a preservação da natureza e para a saúde e o bem-estar da população, a começar dos mais pobres.
Unamos nossas preces para obter de Deus a conversão dos corações e a esperança da vida nova que a Páscoa significa e nos alcança.


Dom Luciano Mendes de Almeida escreve aos sábados nesta coluna.


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