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Editoriais
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Show na cracolândia
FOI um espetáculo de descoordenação entre instâncias do poder público a operação de combate ao tráfico de
crack no centro de São Paulo realizada pela Polícia Civil na última
quinta-feira.
A necessidade de agir contra
uma situação de crônica degradação não justifica os erros cometidos. É certo, como declarou
o delegado encarregado da ação,
que a região da cidade conhecida
como cracolândia, onde vagam
fantasmas humanos idiotizados
pela droga, não conhece melhora
há duas décadas. "São 19 anos
sem que ninguém tome uma
providência", disse o policial.
É difícil acreditar no entanto
que a situação de abandono dessa área da cidade e o drama dos
consumidores de crack possam
ser superados com operações esporádicas de apelo midiático.
Policiais fortemente armados
indiciaram 33 suspeitos de comercializar a droga. Outras 300
pessoas, consumidoras de crack,
foram detidas. Sob os olhares de
repórteres e cinegrafistas, o séquito de maltrapilhos foi conduzido, em fila, até uma base da
Guarda Civil Metropolitana -de
onde saiu em seguida, em correria e algazarra.
O próprio secretário da Saúde
do município classificou a ação
como um inútil "espetáculo pirotécnico". Após as repercussões
da desastrada operação, a prefeitura e o governo do Estado reconheceram o óbvio -deveria ter
havido maior entrosamento entre policiais e agentes de saúde.
É essa, dizem, a diretriz da ação
integrada das duas esferas públicas na cracolândia, que teve início em julho do ano passado. A
atuação conjunta buscaria conjugar repressão ao tráfico com
atendimento aos usuários.
Até aqui, todavia, os resultados
desse esforço parecem pífios.
Basta circular pelo centro da cidade para constatá-lo.
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