|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
MARCELO BERABA
Mais mortes
RIO DE JANEIRO - Não, a morte do
juiz Alexandre Martins de Castro Filho, no Espírito Santo, não será suficiente ainda para gerar uma resposta
eficaz aos crimes organizados e desorganizados no país.
Em primeiro lugar, porque as chamadas autoridades (Executivo, Legislativo e Judiciário, União, Estados
e municípios) ainda não chegaram a
um consenso em relação à gravidade
da situação e ao que fazer.
Há um objetivo imediato -fugir
das balas perdidas ou encomendadas-, mas não há um norte. E não é
por falta de planos. O PT levou para o
governo o seu Projeto Segurança Pública, elaborado com a ajuda da
atual cúpula do Ministério da Justiça. E no próprio site do ministério
ainda está disponível o Plano Nacional de Segurança Pública, apresentado em 2000 pelo governo FHC.
O ziguezague das medidas emergenciais, anunciadas ao sabor da
reação da opinião pública, parece indicar que, se plano há, não foi possível tocá-lo. E fica sempre a sensação
de que as ações anunciadas são improvisadas e de curta sobrevivência.
Esse não é um problema apenas do
governo federal. O badalado Plano
Emergencial de Segurança Pública
anunciado por Minas é um espanto.
Por que emergencial? Cadê o plano
normal, que deveria estar sendo tocado desde 1º de janeiro? O promotor
Francisco Lins do Rego foi morto em
BH pela máfia dos combustíveis em
janeiro de 2002.
É evidente que o improviso e o marketing não são os únicos obstáculos
para uma ação consequente. Há
também a politicagem barata, que
impede, por exemplo, uma ação
coordenada no Rio ou que obriga o
governo federal a ter de pedir pelo
amor de Deus para que algum Estado garanta a prisão de um traficante.
É esse quadro de falta de consenso,
de falta de rumo, de falta de recursos,
de falta de persistência que produz a
sensação pessimista de derrota inevitável. O que significa admitir que outras mortes virão.
Texto Anterior: Brasília - Eliane Cantanhêde: Líder da oposição Próximo Texto: José Sarney: Não chorem por mim Índice
|