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São Paulo, sexta-feira, 28 de março de 2003

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MARCELO BERABA

Mais mortes

RIO DE JANEIRO - Não, a morte do juiz Alexandre Martins de Castro Filho, no Espírito Santo, não será suficiente ainda para gerar uma resposta eficaz aos crimes organizados e desorganizados no país.
Em primeiro lugar, porque as chamadas autoridades (Executivo, Legislativo e Judiciário, União, Estados e municípios) ainda não chegaram a um consenso em relação à gravidade da situação e ao que fazer.
Há um objetivo imediato -fugir das balas perdidas ou encomendadas-, mas não há um norte. E não é por falta de planos. O PT levou para o governo o seu Projeto Segurança Pública, elaborado com a ajuda da atual cúpula do Ministério da Justiça. E no próprio site do ministério ainda está disponível o Plano Nacional de Segurança Pública, apresentado em 2000 pelo governo FHC.
O ziguezague das medidas emergenciais, anunciadas ao sabor da reação da opinião pública, parece indicar que, se plano há, não foi possível tocá-lo. E fica sempre a sensação de que as ações anunciadas são improvisadas e de curta sobrevivência.
Esse não é um problema apenas do governo federal. O badalado Plano Emergencial de Segurança Pública anunciado por Minas é um espanto. Por que emergencial? Cadê o plano normal, que deveria estar sendo tocado desde 1º de janeiro? O promotor Francisco Lins do Rego foi morto em BH pela máfia dos combustíveis em janeiro de 2002.
É evidente que o improviso e o marketing não são os únicos obstáculos para uma ação consequente. Há também a politicagem barata, que impede, por exemplo, uma ação coordenada no Rio ou que obriga o governo federal a ter de pedir pelo amor de Deus para que algum Estado garanta a prisão de um traficante.
É esse quadro de falta de consenso, de falta de rumo, de falta de recursos, de falta de persistência que produz a sensação pessimista de derrota inevitável. O que significa admitir que outras mortes virão.


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