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FERNANDO RODRIGUES
O ataque dos governadores
BRASÍLIA - Antes de tomar posse, o presidente Lula cansou de prometer
várias e freqüentes reuniões com os
governadores de Estado.
Ao ouvir o anúncio de Lula, o então
ministro da Fazenda, Pedro Malan,
deu um conselho amigável ao seu sucessor, Antonio Palocci: "Evite isso. É
impossível entrar numa reunião dessas e não sair perdendo".
Quase na mesma época, FHC também ofereceu uma recomendação a
Lula: não faça muitas reuniões com o
ministério todo nem com todos os governadores. Esses encontros são improdutivos e o governo sempre sai
perdendo, pois a lista de reivindicações tende a ser infinita.
Custou, mas aparentemente o governo Lula acabou concluindo que os
conselhos tucanos, nesse caso, estavam certos. Tanto que o Planalto preferiu não receber os governadores anteontem, quando eles desembarcaram em Brasília para um novo ataque especulativo ao Tesouro Nacional. Houve atuação nos bastidores.
Desidratou-se a reunião. O sucesso
não foi total, mas abortou-se uma hecatombe de proporções incertas se o
encontro corresse solto.
Ainda assim, um problema não está totalmente debelado: as dívidas estaduais com a União.
É possível que alguns governadores
entrem na Justiça para obter um recálculo dos seus pagamentos. A última vez que um governador quis parar de pagar foi em 1999 -com Itamar Franco protagonizando o episódio. Criou-se um pandemônio. Os indicadores econômicos e financeiros
pioraram. Foram 30 ou 40 dias de
turbulência. O governo ficou praticamente imobilizado.
Na atual conjuntura, a governadora do Rio, Rosinha Matheus, não descarta uma ação no Supremo Tribunal Federal para tentar refazer os cálculos de seus pagamentos.
Há vários governadores em situação semelhante à de Rosinha. Muita
turbulência virá. Lula parece ter adotado o conselho tucano de fazer menos reuniões, mas é difícil sair dessa
sem perder alguma coisa.
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