![]() São Paulo, domingo, 28 de maio de 2006 |
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CLÓVIS ROSSI O tiroteio continua
SÃO PAULO - Posso estar enganado, mas a sensação que governantes
e a mídia transmitem é a de que os
ataques do PCC há duas semanas
não causaram apenas mortes, mas
um tremendo blecaute de idéias e
iniciativas. Rápida repassada de fatos e opiniões:
1 - O secretário Nagashi Furukawa, que comandava o sistema prisional, foi demitido ou pediu demissão. Justo. As rebeliões concatenadas nos presídios paulistas, em volume inédito, mostram que ele fracassou na sua missão.
Mas o fator PCC mostrou também o fracasso da política de segurança pública do secretário Saulo
de Abreu Filho e de seu padrinho, o
ex-governador Geraldo Alckmin.
Por quê, então, Furukawa sai e
Saulo fica?
Parece que ao governo interessa
mais o que acontece nos presídios
do que o que acontece nas ruas da
cidade. Ou, em números: preocupa-se mais em controlar/reprimir/tolerar 100 mil pessoas, que são os
presos, do que com os 30 milhões
que estão fora da cadeia.
Até entendo: é muito mais fácil,
em tese, controlar 100 mil do que
dar segurança a 30 milhões. Mas se
supõe que os governos governem
para a maioria, conceito que no
Brasil caiu em desuso.
2 - A discussão pós-crise está centrada nos crimes eventualmente
cometidos pela polícia, em vez de
preocupar-se em colocar sob controle o crime organizado, responsável pela violência original.
É justo que haja essa preocupação, sob pena de se apagar a fronteira entre civilização, que o Estado e
sua polícia deveriam proteger, e a
barbárie.
Mas não é justo que todas as
energias se concentrem nessa questão, sob pena de, outra vez, dar-se
mais atenção a uma minoria do que
à grande massa de cidadãos que vê
direitos básicos violados cotidianamente pela violência.
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