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São Paulo, sábado, 28 de junho de 2003

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TRÉGUA NO LEVANTE

É uma boa notícia a de que o grupo terrorista palestino Hamas concordou em suspender ataques contra alvos israelenses. Trata-se de um primeiro passo, ainda bastante tímido, em direção à paz. Embora o governo de Israel tenha afirmado que a trégua do Hamas "não vale nem o papel em que vem escrita", há razões para acreditar que a forte pressão exercida principalmente pelos EUA sobre israelenses e palestinos está produzindo resultados.
É evidente que o Hamas não decidiu interromper suas ações por ter-se convencido de que negociações políticas são preferíveis a ações armadas. A mudança de atitude ocorre num momento de intensa pressão diplomática aplicada pelos Estados Unidos através de países árabes e europeus que mantêm diálogo com o Hamas. Ocorre também num instante em que Israel persegue e assassina lideranças do grupo.
Apesar de talvez "insincera", a trégua do Hamas (à qual outros grupos extremistas palestinos poderão juntar-se) pode ter desenvolvimentos positivos. Israel e a Autoridade Nacional Palestina (ANP) acertaram um acordo para que as tropas israelenses se retirem de alguns territórios palestinos. Se não houver ataques a partir dessas áreas, a ANP e o premiê palestino, Mahmoud Abbas, sairão fortalecidos, dando, aí sim, uma chance real ao processo de paz.
Para que ele prospere, porém, também Israel terá de dar alguns passos concretos. Um deles é deixar de atacar os líderes do Hamas. É praticamente certo que a trégua não irá longe se o Exército israelense continuar à caça dos chefes do grupo. Também é fundamental que Israel desmantele de verdade os assentamentos judaicos nos territórios palestinos e amplie as áreas a cargo da ANP.
A única forma de acabar com o Hamas e o terrorismo palestino em geral é proporcionando à população perspectivas reais. É mostrando-lhe que a paz será mais vantajosa que a guerra -em uma palavra, oferecendo-lhe esperança.


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