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ENTRE O IDEAL E O REAL
O ideal seria que os candidatos
a ocupar a Presidência da República não se insultassem nem recorressem a expedientes duvidosos.
Seria também excelente se os postulantes só fizessem promessas que
pudessem cumprir e expusessem
sempre suas reais intenções, sem escamotear pensamentos e planos. Esse mundo ideal, porém, não existe.
Ao contrário até, no campo da política eleitoral -infelizmente- muitas
vezes parecer é bem mais importante
do que ser.
A Justiça Eleitoral, ao tentar manter
o horário eleitoral gratuito em nível
minimamente elevado por meio de
decisões judiciais, pode estar em
busca do impossível. E é de se indagar se conviria ao eleitor uma programação que fosse totalmente correta e
polida, até insípida.
É claro que devem existir limites
para os embates entre candidatos. É
evidente também que cabe à Justiça
fazer respeitá-los. Mas definir o que é
aceitável e o que não é constitui tarefa
das mais subjetivas e difíceis.
Suponha-se que o candidato A afirme que seu adversário, B, assaltou
um banco em determinados local e
data. Se A diz a verdade, prestou
inestimável serviço ao eleitor, ao informá-lo de coisas relevantes a respeito do passado de B. Se, por outro
lado, A não puder provar o que diz e
for rapidamente repreendido pela
Justiça, o cidadão ficará conhecendo
melhor o caráter de A. Em qualquer
hipótese, o choque dialético entre as
posições de A e B, com a intermediação da Justiça Eleitoral, terá gerado
informação útil para o eleitor.
É claro que na maioria das situações do "mundo real" as coisas não
são tão claras como no exemplo do
assalto ao banco. Ainda assim, é normal e até saudável que ocorra algum
tipo de atrito entre os candidatos. A
melhor forma de manter o debate
político é deixando que cada postulante diga o que bem entender e que
seus concorrentes possam submetê-lo ao contraditório.
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