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FERNANDO RODRIGUES
O fim da reeleição
BRASÍLIA - Lula, Aécio, Serra e
Sérgio Cabral estão se acertando
previamente para derrubar a reeleição a partir de 2010.
Eis aí uma razão para não acreditar num futuro positivo para o Brasil. A obsessão por tentar mudar a
realidade por meio de uma lei chega
ao paroxismo na política local.
A reeleição foi criada em 1997.
Não é possível em menos de uma
década testar se uma regra política
é boa ou ruim para um país. A alteração só atenderá aos interesses
dos políticos já citados e responsáveis por mais essa tramóia.
Os autores da idéia em curso pouco ou nada falam sobre a perda de
sincronia entre os mandatos de deputados e senadores com os dos integrantes do Poder Executivo.
Em 1989, o Brasil elegeu Fernando Collor. Ele tomou posse no início de 1990 dizendo que faria reformas profundas. O mandato era de
cinco anos, sem reeleição.
O Congresso na posse collorida
era velho. Haveria eleição para deputados e senadores no final de
1990. As reformas foram pífias. O
resto é história. A queda de Collor
se deu, claro, porque ele e sua turma
de jecas sedentos por poder fizeram
o que todos sabem. Mas houve também um forte componente congressual: o primeiro presidente pós-ditadura, eleito pelo voto direto, estava completamente desconectado do Poder Legislativo.
O que Lula e seus amigos tucanos
querem agora é a volta do sistema
pré-Collor. O presidente é eleito,
toma posse e convive com um Congresso velho, sem o menor desejo
nem vontade de trabalhar.
Dizem que o fim da reeleição será
acompanhado de fidelidade partidária, financiamento público de
campanha e outras quimeras. Bobagem. O que se pretende é apenas
resolver problemas pessoais. Além
de desestruturar a já frágil estabilidade institucional do país.
frodriguesbsb@uol.com.br
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