São Paulo, Terça-feira, 28 de Setembro de 1999
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R$ 1.717 POR MÊS

O Estado de São Paulo desembolsa mensalmente R$ 1.717 para manter cada interno em unidades da Febem, a desmoralizada Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor. A cifra é ainda mais espantosa quando se considera que 87% das famílias brasileiras não chegam a ter esse rendimento médio mensal, para não falar das famílias de internos da Febem. Vale lembrar que o poder público brasileiro despende R$ 47 mensais por aluno matriculado no ensino fundamental. Comparação triste, mas muito próxima da realidade da Febem, é que um interno da instituição custa ao Estado de São Paulo pouco menos que quatro presidiários.
Com o que gasta a Febem por interno, o Projeto Axé baiano atende a mais de sete crianças de rua com reconhecido sucesso, embora não tenha gastos com segurança, por exemplo. No Pará, uma fundação homóloga à paulista desembolsa, por interno, a quantia de R$ 650.
Com R$ 1.717, seria possível, por exemplo, matricular uma criança em um colégio de elite na cidade de São Paulo e ainda arcar com outros gastos mensais. Em outras palavras, a quantia seria bastante para sustentar uma criança de classe média.
Mas o que oferece a Febem está longe de justificar tão alto dispêndio: instalações precárias onde se amontoam crianças e adolescentes, onde com frequência são vítimas de maus-tratos e humilhações, onde passam frio e estão sujeitos a condições de higiene precárias. Pouco ou nada oferece em termos educacionais. Fica bem cara, portanto, a mensalidade desse curso que, completado, diploma notórios bandidos mirins.
Bem-vinda será a iniciativa de desmontar a Febem, esse sorvedouro de gerações de adolescentes e de dinheiro público, atitude mais que prioritária e que deve ser levada a termo por políticos, juízes, promotores e, muito importante, pela sociedade civil.



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