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CONTRA O REAL
Depois do acordo com o FMI,
do périplo internacional protagonizado por Pedro Malan e Armínio Fraga, da geração de expressivos
saldos comerciais que em tese garantem maior oferta de dólares ao país e
depois também de declarações dos
candidatos de oposição em linha
com as expectativas do mercado,
continua a especulação contra o real.
A situação se aproxima de uma
clássica fuga de capitais. Resta saber
se a política econômica, diante dessa
realidade, mantém racionalidade.
A abordagem convencional prescreve o "laissez-faire". Argumentam
os economistas ortodoxos que na
crise o melhor a fazer é atender ao
sentimento do mercado. A manutenção das "regras do jogo" seria o antídoto para a desconfiança.
Essa tem sido a lógica do Banco
Central ao longo dos anos Fernando
Henrique Cardoso e, agora, o mesmo argumento frequenta os porta-vozes do PT. Tudo se resume a reafirmar o "respeito a contratos".
É uma linha de ação cujo sucesso
depende da existência do que se conhece como "overshooting", ou seja,
de os mercados mais cedo ou mais
tarde perceberem o exagero, recolocando o dólar em patamar razoável.
Mas, se o "overshooting" não se
materializar ou se a reversão de expectativas demorar demais, a política
econômica será colocada em questão, a começar do seu compromisso
com o respeito a contratos.
O fato é que, neste momento, enquanto o BC é batido pela especulação, empresas endividadas no exterior já renegociam dívidas. E, como é
evidente em manifestação recente do
FMI, o que ainda preocupa muito é o
peso da dívida pública.
Ora, se a especulação não ceder a
tempo, a asfixia das finanças públicas e da atividade econômica produzirá um estrago sem precedentes.
O Brasil ainda parece distante desse limiar. Mas a voracidade da erosão
da credibilidade do real assusta mais
a cada dia que passa.
Nunca, num passado recente, a política econômica esteve tão a reboque
dos acontecimentos e do péssimo
humor dos mercados financeiros.
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