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LUCIANO MENDES DE ALMEIDA
Depois das eleições
Daqui a poucos dias, milhões de
brasileiros irão cumprir o direito
e o dever de votar. Para quem viveu,
no passado, tempos de restrições democráticas, não deixa de nos alegrar
ver, em todo o território nacional,
nosso povo escolher com liberdade os
representantes do Poder Executivo e
do Poder Legislativo.
Há quase um ano (30/11/2001), a
CNBB divulgou um subsídio para as
comunidades católicas com o título
"Eleições 2002: Propostas para Reflexão" (doc. 67). O texto insistia na participação efetiva de todos no processo
de aperfeiçoamento democrático da
sociedade por meio do exercício do
voto consciente e responsável.
O documento da CNBB inspirou nas
comunidades ampla reflexão e discernimento sobre a atuação dos católicos
na vida política, apontando desafios e
sinais de esperança e recordando o
constante ensino social da Igreja na
intenção de formar as consciências
para o exercício da cidadania e de contribuir para a promoção da vida e do
bem comum.
O texto da CNBB apresenta como
prioritárias três metas para a elaboração das políticas sociais a serem assumidas especialmente pelos futuros
eleitos:
a) a primeira meta é a erradicação da
fome, incluindo a justa distribuição de
renda e a efetivação de uma política
agrícola vinculada à reforma agrária,
com incentivo à produção familiar e
com projetos de geração de renda;
b) o pleno respeito aos direitos humanos, direcionando a política econômica para os investimentos sociais
e priorizando os postos de trabalho e a
expansão do mercado interno para
atender às necessidades básicas do povo;
c) a urgência de zelar pela ecologia e
pelo desenvolvimento sustentável,
sem danificar a natureza. Isso requer
mudanças na mentalidade consumista , que prima pelo desperdício e pelo
uso supérfluo de recursos para o bem
de minorias.
As campanhas políticas, intensificadas nas últimas semanas, manifestaram muitos pontos positivos na apresentação de programas e na discussão
de prioridades. Houve semelhança e
até coincidência nas respostas dos
candidatos. Deixando de lado algumas fragilidades no fervor dos debates, temos de reconhecer que várias
propostas são promissoras e abrem
perspectivas de solução para os desafios e para a supressão do atual modelo, que vem gerando tanta exclusão
social.
Mais alguns dias e os candidatos estarão eleitos. É preciso olhar para a
frente e encontrar caminhos de sabedoria que garantam uma política de
intensa cooperação entre partidos. O
bem do Brasil requer essa capacidade
de integração de forças vivas, convocando a todos para dar a sua contribuição. Prevê-se que o Congresso Nacional e o governo dos Estados venham a ter de contar com atuação forte dos diversos partidos. Isso vai requerer, depois das eleições, um novo
empenho patriótico de cooperação e
de articulação interpartidária em vista
de metas comuns. Lembramos a importância do uso racional da terra e da
água, o atendimento urgente à alimentação e à saúde, a multiplicação
de empregos, a pesquisa científica, a
soberania nacional, a garantia dos direitos trabalhistas.
O aperfeiçoamento do regime democrático passa não somente pela escolha livre dos representantes mas
-com grandeza- pela convocação
de todos os cidadãos na promoção do
bem comum.
Com a graça de Deus e o patriotismo
que supera partidarismos temos o direito de esperar dias melhores para o
Brasil.
Dom Luciano Mendes de Almeida escreve aos
sábados nesta coluna.
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