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CARLOS HEITOR CONY
Correndo por fora
RIO DE JANEIRO - De repente, Garotinho começa a preocupar os entendidos em sucessão presidencial. Foi
considerado um candidato exótico,
sem chance, sem tradição nacional,
sem apoios substanciais para a corrida eleitoral. Gramou meses na lanterninha do páreo e, talvez por isso,
tenha sido poupado da briga de foice
que dominou este final de campanha.
Cresceu agora, na reta de chegada,
e quem gosta de corrida de cavalos
sabe que o galope que vem por fora é
sempre uma ameaça aos primeiros
colocados.
Não entendo de política e muito
menos de eleição, mas, pelo que ouço
por aí, esparsamente, os candidatos
mais categorizados foram e estão
sendo produzidos pelos marqueteiros, de acordo com as estruturas formadas pelas coligações partidárias.
Justamente por não ter estrutura
própria e fortalecida por alianças,
Garotinho se dá ao luxo de dizer o
que pensa, ao menos no que diz respeito às suas convicções pessoais. Onde os outros ficam em cima do muro,
sem cara nem coragem para afirmar
um ponto de vista politicamente incorreto, Garotinho chega até a ser
monossilábico. Tem sua origem no
rádio e, quando pode, e mesmo
quando não pode, fala até demais.
Eutanásia, aborto, casamento de
homossexuais, por exemplo, são temas que ele nem discute. Diz simplesmente não, fecha a questão como se
fosse um fundamentalista. Nem aceita discutir esses assuntos, pois tem
opinião firmada e confirmada pela
sua militância evangélica.
Se é sincero ou não é outro assunto.
O fato é que não nega fogo, e sua empostação religiosa, se de um lado o
queima perante o eleitorado que se
considera mais esclarecido, de outro
o fortalece. Se vai ou não chegar ao
segundo turno, ainda é problemático.
Mas não será absurda a dobradinha
Lula-Garotinho para decidir quem
governará um país chamado Brasil.
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